segunda-feira, 31 de maio de 2010

Crônica - Eu vi o sorriso da Mãe e chorei

Eu tenho uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que ganhei de uma colega de trabalho chamada Clarissa Borba, lá de Jaraguá do Sul. Olha, eu sou católico e devoto. Mas por força da minha profissão, no jornalismo, aprendi e respeitar todas as outras religiões e seitas. Claro, hoje sou muito criterioso e até na minha religião eu suspeito quando falam em milagres. Também sou meio avesso aos rituais. Às vezes prefiro uma capela silenciosa, onde eu sinto conversar, senão com aquele que eu gostaria, pelo menos comigo mesmo. É quando eu busco a consciência. É onde eu encontro o equilíbrio. Enfrentei na minha vida três crises de desemprego. Nas duas primeiras vezes, fiz como tantas outras pessoas já fizeram. Além da minha fé católica, me senti pressionado a procurar outro tipo de ajuda. Desta vez cheguei a sondar possibilidades e admito que visitei alguns locais. Isso depois de visitar diariamente uma paróquia e dialogar com aquela que eu considero a minha mãe no terreno celestial. Então em determinado momento achei que não era ouvido. Porém, o acaso - ou certos constransgimentos que ficaram tão evidentes - me forçou a racionar. Então decidi: eu tenho a minha mãe e ela vai me ajudar. Às vezes, após essa alternativa firmada, explodi com ela. Eu me perguntava: "Por que isso acontece comigo? O que eu fiz de tão errado?" Na semana passada voltei ao mercado de trabalho. Após a conversa com a pessoa que me empregou, fui direto para a imagem que ganhei de Clarissa. Fiz o sinal da cruz e me pareceu que ela sorriu. E eu chorei de emoção. Chorei muito. E percebi que os meus sentimentos de ser humano não foram afetados por um longo período de desemprego, tristeza e desespero.

domingo, 30 de maio de 2010

Sarah Brightman - A boa dose de música para encerrar o domingo

Tem gente que não gosta... Mas Sarah Brightman é um talento e aqui baixo do Youtube a musa interpretando Dans La Nuit. Mais informações da artista em http://www.sarah-brightman.com.

sábado, 29 de maio de 2010

Personagem - O homem dos cartões telefônicos e das figurinhas do futebol



Ele é um profissional de engenharia química e de segurança, mas hoje em dia, aos 59 anos de idade, se dedica a algo que lhe dá prazer e rende algum dinheiro. O aposentado Marcos Luis de Oliveira Furtado diverte-se e tira uma renda extra como colecionador de cartões telefônicos usados e figurinhas da Copa do Mundo.

No sábado, 29 de maio de 2010, o engenheiro aposentado marcou presença num dos tradicionais pontos de compra, venda e troca de figurinhas, na praça cercada pelas ruas Quintino Bocaiúva, Paraíba e Sergipe, região central de Londrina. No local onde os colecionadores se reúnem existia uma banca de jornais e revistas até sexta-feira. Mas o estabelecimento, que funcionava como uma referência dos colecionadores foi tombado pela Prefeitura de Londrina (leia em http://foradomercado.blogspot.com.

Entre um negócio e outro, Marcos conversou com este blogueiro. Ele nasceu lá no Ceará, mas com um ano de idade já morava em Londrina. Mora no Jardim Ipiranga, região anexa ao centro de Londrina, e tem uma esposa teóloga, a Maria das Graças Furtado.

Atualmente a maioria dos negócios é com as figurinhas. É coisa do momento e tem muita gente querendo fechar os álbuns rapidinho, antes que a Copa comece. Mas o aposentado diz que a sua principal coleção é de cartões telefônicos usados. Ele tem cerca de 27 mil deles, que são oferecidos inclusive pela internet e desperta interesse até de colecionadores de outros países.

Fica, então a dica. Acesse o site do Marcos: http://www.telecartofiliafurtado.com.br. O e-mail é marcos@telecartofiliafurtado.com.br e o telefone é o (43)9991-6565.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O homem despido (Parte 6) - Tesouros perdidos

Alguns valores pessoais eram mantidos como herança até recentemente. Como a moral, tratada como relíquia a ser passada de pai para filho. Ou a religião, hoje relegada à condição de preferência do momento.

Numa tigela de barro cabem muito mais. Que tal a ética, antes uma regra, hoje quase exceção? O que dizem do comprometimento, da solidariedade, da dignidade, coletivismo, fraternidade e paixão pela vida?

Há quem culpe a modernidade, com o seu arsenal tecnológico, pela falência disso tudo. É uma verdade precária, porém absoluta em sua devida proporção. Como exemplo, temos aquilo que se defende hoje para o meio ambiente: desenvolvimento sustentável.

Há, portanto, uma preocupação com o ambiente. Não houve esta mesma atenção para o homem, que é parte do meio.

Então ele viu o avanço de perto, acessível para alguns poucos, mas distante para ele. Viu a riqueza de pouco passando diante de seus olhos, porém impossível de ser experimentada. Viu alguns enriquecendo da noite para o dia, numa sucessão de posses de bens materiais e consequente prestígio, enquanto ele empobrecia.

O que fazer para dar um bom estudo aos filhos? Como manter a saúde da família em boas condições? E o transporte, a segurança, o futuro? Como manter o conforto dos seus?

Os mais fortes tendem, nesta situação, a reforçar os seus valores. Moral, religião, solidariedade, comprometimento e coletivismo ganham mais atenção. Dentre esses, alguns se destacam como líderes em ações comunitárias que visam solucionar problemas, amenizar sofrimentos, criar oportunidades para todos.

Os mais fracos esperam por milagres. E surgem a cada novo dia, na esquina adiante e na baixada em seguida, os milagreiros. Padres e pastores que viram artistas do palco e arrebanham multidões nas concentrações das respostas impossíveis. Videntes, cartomantes e benzedeiros tabelam preços de consultas. Templos estouram sus sistemas de som nas manhãs e tardes dos dias da semana para atrair quem precisa comprar um punhado de benção.

A fé, antes manifestada numa religião, vira um produto. E tudo se compra na mesma área comercial, na medida em que os sentimentos perdidos podem ser recuperados num balcão de negócios.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nesta quinta - Mais um artigo da série O homem despido

Enquanto esperam pela nova postagem, confiram Milagreiro, de Djavan e Cássia Eller. A letra diz um pouco sobre o que foi escrito e será publicado nesta quinta-feira, 27 de maio de 2010. O vídeo foi baixado do Youtube e pertence ao site do Djavan. Eu tomo emprestado e faço a postagem, pois estes são dois grandes nomes da música popular brasileira e devem ser exaustivamente divulgados.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O homem despido (Parte 5) - No embalo de uma democracia frágil e temporária


É como um bom perfume. Tem frasco personalizado e aroma contagiante. Chega um vento e leva o cheiro. O frasco fica. Vedado, ele impede que a fragrância ocupe o ambiente.

O jeito simplista de falar da fragilidade é aplicada, infelizmente, à forma como a democracia é usada. Começa nos discursos, nem sempre proferidos por democratas. Ganha solidez nos períodos eleitorais, quando os candidatos lembram que a democracia, em definição de dicionário, é o regime de governo no qual o cidadão tem participação direta ou indireta. Sobe ao pódio no dia da eleição, quando o povo coloca o seu voto na urna. Depois do resultado oficial divulgado, perde a força, quebra-se ao menor sopro, é página virada de mais um processo eleitoral.

A cada dois anos a população brasileira experimenta esta precária receita de democracia. Agora, em 2010, serão escolhidos o presidente, os governadores, os senadores, os deputados federais e os deputados estaduais. Em 2012 escolheremos prefeitos e vereadores.

Há pouco menos de quatro anos, os londrinenses ajudaram a eleger os senadores paranaenses que detém atualmente mandatos no Congresso Nacional. Também participaram da escolha de deputados federais do Paraná, com votos predominantes naqueles com base eleitoral na cidade. Desses, um virou prefeito. Da mesma forma, o londrinense contribuiu positivamente na eleição dos deputados estaduais, também principalmente os que tem base eleitoral na cidade. Assim também com o governador. Dois anos depois, a prática foi repetida na escolha de um prefeito e vereadores.

A democracia foi pelo voto, depositado nas urnas depois dos discursos e das promessas de mais democracia. Porém, o frasco rachou. A fragrância que se fez forte em certo momento se foi com o tempo. O bom cheiro virou cheiro ruim.

Às vésperas de mais uma eleição, Londrina mergulha no caos. A saúde pública deixa desamparada boa parte da população que não tem como recorrer ao atendimento particular ou de convênios. Na Câmara de Vereadores, denúncias estouram as páginas dos jornais diariamente e as pautas da Casa transformaram as sessões em ocasiões para lavar a roupa suja.

A segurança pública, debilitada, faz vítimas diárias. No trânsito, um sistema viário confusamente desenhado, sobre ruas com asfalto esburacado, torna qualquer percurso perigoso. Entidades e instituições são alvos de investigação. Trabalhadores nem conseguem atendimento respeitoso numa Agência do Trabalhador.

Nas ruas comerciais, aumenta a cada dia o número de portas fechadas. O desemprego afeta diferentes categorias de trabalhadores, embora os números oficiais, repercutidos com euforia por alguns veículos de comunicação, tentem convencer que é o contrário. O movimento de consumidores na região central de Londrina, antes intenso nos sábados, agora é de conta-gotas. Os grandes shoppings ficam vazios durante a semana.

Nem todos os problemas poderiam ser evitados pelo poder público municipal, pois acertos e soluções seriam de competência do Estado ou da União. Mas alguns estão vinculados ao desempenho e à capacidade administrativa de quem manda politicamente na cidade. O caos na saúde pública, por exemplo.

Ainda assim, devia ser considerado que a democracia é um processo participativo. Não se limita ao voto. O problema é que cidadãos comuns, como somos, raramente merecemos convocação para uma audiência pública sobre um tema importante. Muitas vezes, quando convocados, deixamos de comparecer porque estamos desacostumados disso e desconfiamos.

E os políticos que não são o prefeito e os vereadores? Para onde vão estes senhores quando pessoas esperam mais de sete horas pelo atendimento numa unidade de saúde? Que música ouvem quando o disparo de uma arma de fogo tomba mais um corpo? Em que palanque discursam enquanto trabalhadores desempregados procuram a Agência do Trabalhador em busca de uma vaga ou de entrada no Seguro Desemprego e esperam horas?

Londrina tem, além de senadores, deputados federais e deputados estaduais eleitos com votos dos londrinenses, dois ministros da República e um assessor direto da Presidência da República. "Ah, sou parlamentar e este problema não é meu." "Sou ministro e quem tem que resolver isso é o prefeito."

Nada disso. Senão como parlamentar, mas principalmente como cidadão que tem o privilégio de ser representante do povo, é dever destes deputados e destes ministros erguer a voz e com o dedo em riste cobrar soluções para os problemas londrinenses a quem quer que seja.

Todos os deputados federais e estaduais que ocupam cargos em Brasília e em Curitiba foram candidatos a prefeito desta cidade em 2008, num processo eleitoral que se esticou até 2009. Um deles venceu. Todos foram adversários na disputa. Agora, se o que venceu se mostra fraco e debilitado, cabe aos demais a tarefa de levar adiante a democracia, defendendo os seus eleitores e a sua cidade. A democracia, em sua base teórica, apregoa que se escolha um entre tantos e, a partir desse pleito, todos participem - ganhador e perdedor - de um conjuntos de ações que traga o bem para todos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Recado - Nesta terça, 25 de maio:

Londrina, cidade orfã e vídeo: Declare Guerra

Na sequência da série O Homem despido, a ausência dos políticos e dos líderes classistas na busca de soluções para os problemas da cidade.

Saúde em frangalhos, segurança pública no limite do tolerável e falta de funcionários em órgãos vitais, como o Sine, colocam a população em total estado de abandono.

Nem só o prefeito merece ser responsabilizado. Londrina tem dois ministros, um assessor direto da Presidência da República, deputados federais e deputados estaduais com a obrigação de exigir dos culpados por esta situação providências urgentes.

O londrinense está cansado de promessas em períodos eleitorais. Todos os candidatos a prefeito nas eleições de 2008, e não somente este que está no cargo, garantiram nos programas eleitorais uma cidade mais justa e digna. Mas, passado o processo eleitoral, a impressão é que, daquele grupo, não restou um único londrinense e cada um defende o seu quadrado. Está na hora de surgir um líder autêntico, capaz de mobilizar a sociedade.

LEIA NESTA TERÇA-FEIRA, 25 de maio de 2010, neste blog. Ponderações sobre o mesmo assunto no blog http://foradomercado.blospot.com.

ENQUANTO O ARTIGO VAI PARA O FORNO, CONFIRA BARÃO VERMELHO, EM VÍDEO EXTRAÍDO DO YOUTUBE, CANTANDO ALGO QUE TEM MUITO A VER: DECLARE GUERRA, COMPOSIÇÃO DE BARÃO VERMELHO E CAZUZA. INCITO PARA UMA LUTA PELA MORAL, PELA DIGNIDADE E PELA ÉTICA. INCITO PELO COMPROMETIMENTO DE TODOS POR UMA CAMINHADA PRODUTIVA EM BUSCA DO BEM-ESTAR NESTA CIDADE.

domingo, 23 de maio de 2010

O homem despido (Parte 4) - Sutilidades e arranjos no cotidiano brasileiro


Sorrateiro, o homem despido de sentimentos caminha a passos milimetricamente medidos. Não vacile e nem titubeia. Suas ações são planejadas. Ele também se despe de dignidade e guarda no canto mais inacessível do armário a vestimenta da ética.

Às vezes ele é um político. Outras vezes um jornalista. De vez em quando um profissional liberal. Não com tanta raridade aparece travestido de professor. Assume com ligeira facilidade carapuças diferentes: atleta, artista, bancário, escrivão. Policial, operário, vendedor, comerciante. Lixeiro, carpinteiro, padeiro, empacotador.

Um dia um autônomo contou aos risos, entre copos e garrafas de cerveja, que o caixa de um estabelecimento comercial havia devolvido troco errado. O erro havia sido feio, de grande montante. E o autônomo riu, repartiu com os colegas da mesa frases irônicas, gritos de felicidade e gestos de ganhador. Pouco se importou quando alguém disse que, pelo erro, o funcionário que trabalhava no caixa daquela loja ficaria pelo menos um mês sem salário.

Um dia alguns homens foram mandados embora do Brasil por serem contra o regime político que predominava. Tiveram que ir para evitar a prisão, pois trabalhavam a consciência dos brasileiros e tudo que levasse à reflexão das pessoas era crime. Então surgiram os oportunistas e estes foram se juntar aos exilados, sem que ninguém os mandasse para fora. Alguns deles, depois, usaram dessa mentira e se tornaram políticos. Um deles virou presidente do Brasil.

Um dia um homem mentiu, destruiu, pisoteou, subtraiu. Como tantos outros homens costumam fazer sem que o peso da consciência dobrem as suas vértebras. Fizeram e desfizeram, sem medir consequencias e nem cogitar piedade.

Roubaram empregos, desalojaram famílias de suas moradias, levaram a certeza que as pessoas de bem teimam em acreditar, de que a solidariedade, a compaixão, a fraternidade, a ética, o comprometimento e a honestidade ainda forram o chão do bom caminho.

Sorrateiros, os homens despidos espreitam, a espera de momentos de fraqueza. Como diz o poeta Hans Magnus Enzensberger: Meu inimigo / Debruçado sobre o balcão / Na cama em cima do armário / No chão por toda parte / Agachado / Olhos fixos em mim / Meu irmão.

Apreciem abaixo Hotel Fraternité, na voz de Arnaldo Antunes. É um poema de Hans Magnus Enzensberger, traduzido por Aldo Fortes e musicado pelo Antunes. A obra pode ser conferida no CD Qualquer. A letra tem muito a ver com o artigo de hoje: o inimigo que espreita para ver suas falhas e suas virtudes, que de repente é seu amigo, torcendo pelo seu fracasso, e assim por diante. Algo como a frágil sustentabilidade de ser decente no mundo dos negócios e das relações de trabalho. Extrai o vídeo do Youtube.

sábado, 22 de maio de 2010

O homem despido (Parte 3) - Autoridade, poder, dinheiro e corrupção



Autoridade. Quantos perdem a sensibilidade por causa dela? Poder. Quantos se sustentam nele com sabedoria? A consciência às vezes é frágil diante de regalias. Eu sou e posso. Eu mando e você faz.

Autoridade e poder costumam sem aliados do dinheiro. Pode existir uma relação de dependência entre eles, autoridade, poder e dinheiro. É aqui onde entra a corrupção, fechando um círculo de fogo. E o homem se desnuda da descência. Despe-se. Desce. Perde a noção da altura do abismo. Aprofunda-se cada vez mais em busca do quanto mais. Pisa, esmaga, ultrapassa e deixa feridos no caminho.

Nem sempre as vestes tiradas dos corpos e abandonadas num canto revelam acertos de milhões. O homem despido também mergulha na lama por muito pouco. Quando é muito, desconfie que a trama envolve muitos.

Os milhões que teriam sido desviados pelo Ciap (Centro Integrado e Apoio Profissional)envolveria um grupo de cerca de 20 pessoas. E quem foi que abriu a torneira desse ouro que jorrou tão fácil? Todos devem ficar nus, dos pequenos aos grandes. Alguém que é autoridade deu poder a um bando para subtrair dinheiro do povo. Ou o bando foi usado como laranja de um esquema milionário de corrupção?

Ah, o poder que veste a autoridade. Então um homem cometeu um crime por fraqueza espiritual e deve pagar por isso como qualquer outro homem despido tem que ser responsabilizado de seu erro. A autoridade fotografou o nu e distribuiu para os meios de comunicação de massa. Estes, que também tem homens despidos, criaram um novo mártir para um forte segmento da sociedade.

Erraram todos. Tanto os que puniram sem o respaldo da lei, pois autenticaram com o manifesto dos solidários um ídolo de barro, quanto os que fecham os olhos diante de qualquer nudez e condenam os que acenderam os holofotes para quem não merecia nada mais que a punição.

AMANHÃ, NO GOZO DA INFLUÊNCIA E DO JEITINHO.

Abaixo, Polícia, de Tony Belloto (Titãs). Extraído do Youtube.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O homem despido (Parte 2) - Para quem os jornais são produzidos



Duas mortes violentas ocorridas em Londrina nos meses de março e abril servem de parâmetro para mostrar qual deles, na ótica dos meios de comunicação de massa, é mais importante. Infelizmente.

Sim, infelizmente. Porque vejo-me obrigado a uma análise com base no sofrimento de duas famílias. Mas faço-a com a melhor das intenções, pois sou pelo debate que leve à consciência e ao acerto.

Em março, um rapaz de 18 anos de idade foi morto por bandidos na Zona Norte ao reagir a um assalto. Por volta das quatorze horas, o portal de notícias Londrix, dos jornalistas Nelson Capucho e Ruth Meira, enviava Newsletters com os acontecimentos mais recentes e incluia no repasse feito pela internet o homicídio.

Algumas emissoras de rádio também noticiaram o fato. Entre o final da tarde e o início da noite, alguns jornais de televisão deram mais tempo para a notícia. Outros se limitaram a notas.

No dia seguinte, os jornais impressos praticamente reproduziram o que as emissoras de rádio e de televisão e os portais da internet haviam divulgados com quase 20 horas de antecedência. Dias depois, o pai manifestou, por carta enviada a um jornal, a sua dor.

Em abril, um jovem de 25 anos foi morto por bandidos na saída de uma tradicional faculdade particular de Londrina (Unifil), também ao reagir a um assalto. O homicídio foi tratado pelos jornais com destaque. Autoridades foram ouvidas sobre a violência. Algumas lideranças pediram providências do Estado. O prefeito foi visitar a direção da escola. Por quase uma semana o caso mereceu pautas das redações e foi repercutido.

Em alguns casos, com escancarado sensacionalismo. Em outros, até com certa sobriedade, da maneira que um tema deve ser noticiado. Amigos do estudante morto foram entrevistados. As reportagens mostraram que o rapaz era trabalhador e estudioso.

Entre as diferenças de um e outro caso, um fato preocupante: soube-se que o jovem de 18 anos também eram estudioso, esforçado e trabalhador porque o pai teve sua carta publicada. Se não enviasse uma carta ao jornal, não saberiamos que alguém produtivo e promissor foi mais uma das vítimas da violência em Londrina.

Nos dois casos, não era a desgraça o foco de interesse da população. Mas a notícia bem feita repercutiria nas autoridades, exigindo delas ações concretas para reduzir a criminalidade.

Acontece que nem sempre os acontecimentos, bons ou ruins, bastam. Alguns veículos de comunicação planejam suas notícias de acordo com os seus interesses, inclusive econômicos.

No capítulo anterior desta série, falamos do tempo do regime militar e da censura nas redações dos jornais. Aquela censura acabou. A que predomina hoje é tão nociva quanto a outra. Cala-se quando se é conveniente. Acertos podem reduzir ou aumentar a importância de um acontecimento.

Às vezes os profissionais de comunicação ficam reféns dessa regra velada e não assumida. Há também aqueles que se entregam ao jogo, como se isso fosse normal.

A obrigatoriedade do diploma de jornalista não tem, na prática, o objetivo de encher as redações de graduados, mas de colocar no lugar certo profissionais que tenham a ética como o ar que mantém o ambiente no qual vivemos respirável.

Portanto, cá também temos homens despidos. Talvez por isso não tenha bastado noticiar que o padre foi pego cometendo um crime. Foi preciso mostrá-lo quase nu, com a imagem de uma santa ilustrando um cobertor.

AMANHÃ, AUTORIDADE OU BANDIDO?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Opinião - O homem despido (Parte 1)



Moralidade, dignidade e ética são palavras. Apenas. Recheiam conteúdos de discursos, subsidiam teses de monografia, estampam manchetes de jornais.

Caça e caçador às vezes se confundem. O jeitinho brasileiro virou regra, embora a maioria das pessoas não tenha a consciência de que ele ocorre na porta de casa, na escrivaninha ao lado, na repartição logo em frente.

O homem despido não é aquele se põe fisicamente nu. É o desvestido de virtudes. É aquele que se desfaz do manto da sobriedade, que não é a inconsciência etílica, mas o despudor do sentimento de cidadania, coletividade, solidariedade e fraternalismo. Eu tenho, eu sou e eu posso. E assim ele age.

Nos anos de terror do regime militar no Brasil, a necessidade de mudanças mobilizava parte do Brasil. O país era dividido em alienados e engajados. Diziam que era alienado aquele que pouco se importava com as barbaridades que ocorriam nos porões da ditadura predominante.

Prisões, torturas e mortes de pessoas que se colocavam contra o governo não saiam nos jornais. A censura impedia, mantendo nas redações dos meios de comunicação funcionários que cumpriam a missão de analisar todo o conteúdo editorial.

Os engajados tinham diferentes formas de atuação. Manifestavam repúdio na música, na literatura, nas entrelinhas das matérias jornalistas e até na luta armada. Estudantes levantavam bandeiras, intelectuais resistiam às pressões políticas do momento.

Vinicius de Moraes cantava as garotas de Ipanema, enquanto Tom Jobin era aclamado pela elite cultural brasileira, aquela que tinha trânsito em um e outro lado. Ambos deixaram grandes contribuições para a música popular brasileira, assim como Chico Buarque de Holanda, cujo sucesso, naquele período, se fez com o uso do tema sobre os oprimidos.

Mas ninguém pagou tão caro por cantar a verdade quanto o fez Geraldo Vandré, o autor de Pra não dizer que não falei das flores. Chico nunca fez um show de graça para o público em quem ele se inspirava para fazer música. Tom recusou inclusive participar de shows de solidariedade a colegas artistas.

Eis um exemplo do homem despido. Nem todos, porém, pagam por terem feito o contrário do que apregoaram. Vivem de glórias e morrem na glória. Serão sempre heróis, porque o barro do qual foram feitos são retocados por mãos que sustentam mitos.

Em Londrina, um padre errou na condução da sua carreira. No passado ele subiu em palanques e até cantou para políticos. Mais recentemente se aliou aos ricos e passou a ser personalidade de destaque em cerimônias de casamento de pessoas abastadas. Ele se despiu de sua vocação e, num instante de erro mais profundo, ganhou as grades de uma cela de prisão e foi desnudado.

AMANHÃ, QUEM FAZ JORNALISMO, QUEM GANHA COM O SENSACIONALISMO.

Para refletir - O homem entre a cruz e a espada

Dominus dominium juros além Todos esses anos agnus sei que sou também Mas ovelha negra me desgarrei, o meu pastor não sabe que eu sei Da arma oculta na sua mão Meu profano amor eu prefiro assim À nudez sem véus diante da Santa Inquisição Ah, o tribunal não recordará dos fugitivos de Shangri-Lá O tempo vence toda a ilusão

Trecho de Agnus Sei, letra e música de Aldir Blanc e João Bosco. Abaixo, na interpretação de Elis Regina. Extraído do Youtube.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Gentileza - Vou "estar fazendo um favor"

Até repórter de TV usa gerúndio e acha que fala bonito. Então pesquisei no Google e subtrai um texto de lá. É do http://www.brasilescola.com/gramatica/gerundio.htm que eu copio o texto abaixo. Para tentar não ouvir repórter de rede nacional dizendo que "fulano acabou morrendo quando estava sendo transportado..."

O gerúndio é uma forma verbal que indica uma ação que está em andamento, algo que não está completo. Essa forma verbal sempre é formada pela partícula – "ndo" unida ao verbo. Exemplos: Eu vou estar confirmando os dados. Você está sendo redirecionado.

O gerúndio pode ser utilizado com outros verbos ou sozinho, quando adquire a função de advérbio: Ex: Fazendo assim, vai ser fácil. (Gerúndio com função de advérbio).

A grande questão ligada ao uso do gerúndio é que esta forma verbal é amplamente usada de forma incorreta, principalmente em serviços de telemarketing e atendimento ao consumidor. Todos nós já nos deparamos com situações nas quais um atendente de uma empresa usa o gerúndio de forma abusiva: “O senhor pode estar respondendo a um questionário?”; “Nossa empresa vai estar lhe informando”, etc.

Esse vício de linguagem tem suas origens na língua inglesa. Seria uma tradução literal do emprego do verbo “going to”. Ex: “I am going to do something” (Estou indo fazer algo). No entanto, é preciso ressaltar que em alguns casos o uso do gerúndio é correto. A questão é que existe uma falsa impressão de que o gerúndio traz vantagens estilísticas sobre outros processos, o que não é verdade.

O gerúndio é corretamente usado quando transmite a idéia de movimento, progressão, duração, continuidade. Alguns casos em que o gerúndio é empregado corretamente:

- “Em virtude do atraso, estaremos recebendo o pagamento em conta corrente nos dias 08 e 09 de setembro”
- “O que você vai fazer durante o fim de semana? Vai estar viajando?”
- “Ele está fazendo a prova agora.”


Repito: o texto foi extraído do http://www.brasilescola.com/gramatica/gerundio.htm que tem muitos outros artigos interessantes. Passem por lá e confiram.

Leia nesta quinta - O homem despido

Corrupções na política, violência urbana, intolerância no trânsito, escândalos envolvendo líderes religiosos, desemprego, apadrinhamento nos órgãos públicos, futebol de proveta, parcialidade e sensacionalismo dos meios de comunicação e acordo nuclear questionável.

Enquanto o Brasil prepara-se para mais um período de longo recesso por causa da Copa do Mundo e das eleições, os brasileiros, mesmo na inconsciência, enxergam o seu país mergulhar num enorme buraco onde a reação ao imobilismo é zero.

Ninguém pode se isentar de culpa, nem acusados e muito menos acusadores. Recente epsódio envolvendo um padre é a prova de que se o homem se expõe despido de dignidade recebe em consequência a pena de ser exposto desvestido da moralidade.

LEIA ARTIGO COMPLETO NESTA QUINTA-FEIRA, 20 DE MAIO, NESTE BLOG.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Crônica - Vencendo pesadelos


Mamãe era diabética e como a maioria das pessoas com esta enfermidade, ela adorava um doce. Uma paçoca caseira, vendida pelo próprio fabricante de porta em porta, fazia Dona Luiza ficar com os olhos negros brilhando.

Quando eu estava em casa, às vezes o homem da paçoca passava pelo meu bairro, com os produtos ajeitados numa cesta de palha. Morávamos na Rua Icós, Vila Portuguesa, região central de Londrina. O vendedor batia palmas e da janela eu via que era o paçoqueiro. Antes que mamãe fosse atendê-lo eu tratava de despachá-lo.

Doia muito fazer aquilo, mas era necessário. O que eu não sabia era que nem sempre o vendedor de paçocas passava pela minha rua nos momentos em que eu estava em casa. Um dia a vizinha confidenciou que mamãe comprava doces daquele homem pelo menos uma vez por semana.

Sem dizer nada a ela, a família iniciou diariamente um sigiloso trabalho de busca todas as noite. "Onde será que mamãe esconde as paçocas que ela compra". Os armários de alimentos eram improváveis, pois seriam os primeiros locais a serem revistados. Talvez no fundinho da geladeira. Ou numa gaveta do quarto, embrulhadinho em plástico.

Foi justamente no local improvável que alguém de casa achou a paçoca da mamãe, um dos compartimentos do armário de alimentos. Não houve, de nossa parte, alguma palavra de censura. Rimos da travessura da mamãe e ela confessou que praticava aquele pequeno delito contra a sua saúde há um bom tempo.

Combinamos com mamãe que uma provinha seria admissível, desde que o controle da doença fosse rigoroso. Não sei até hoje se ela conseguiu levar a recomendação ao pé da letra. E um dia ela se foi após um enfarto.

A correntinha e o crucifixo de ouro dezoito, estas mesmas que eu não tiro do meu pescoço, são símbolos do que mamãe representou para mim. Às vezes tenho pesadelos. Neles, é sempre mamãe a pessoa que me desperta. Então, ainda dormindo, eu penso sempre no finalzinho do sonho ruim: "Ainda bem que é só um sonho e mamãe me despertou".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Crônica - Cheiro de pipoca


Cá no prédio onde moro comida de bom aroma é denúncia de prato saboroso na mesa. Ontem, por exemplo, alguém decidiu tapear a fome lá pelas onze da noite. Estourou pipoca de manteiga no microondas e fez o cheiro subir paredes acima. Demorou para o efeito passar.

Eu, da janela, quase gritei que prefiro pipoca tradicional, estourada na panela, com óleo e sal. Mas naquela hora, com a estante desabastecida, a de manteiga cairia muito bem.

Não foi o caso da vizinha do apartamento do lado. Sem economizar na altura da voz, ela comentou para a mãe que o cheiro parecia de outra coisa. Depois mantiveram um jogo de suposições: "É pipoca de manteiga", disse uma, enquanto a outra respondia que "pode de ser queijo".

Lá de baixo, percebi uma cabeça colocada fora da janela do terceiro andar, de onde saiu uma frase acusatória: "Deve ser o mesmo que na semana passada torrou amendoim lá pelas tantas da madrugada". No que o porteiro do prédio emendou, olhando para cima: "De vez em quando eu sinto cheiro de carne assada às três da madrugada".


Aquilo virou uma espécie de fórum. A cada nova frase que alguém dizia, escutava-se em seguida o barulho do abrir de uma janela e mais uma cabeça se colocava para fora. E mais uma frase, mais uma janela aberta, mais uma cabeça de fora.

Uma das últimas que se ouviu veio de uma senhora: "Até perdi a fome. Só com o cheiro já fiquei satisfeita". No que se deu o grito final: "Vizinhos, eu sei que é tarde. Mas estourei pipoca pra todo mundo. Estou levando lá na portaria. É só descer."

E foi um barulho de portas se abrindo, pés descendo as escadas correndo, elevador zunindo. Virou uma confraternização lá embaixo, num prédio onde as famílias se encontram praticamente todos os dias no elevador e no estacionamento, mas a maioria limita-se a um cumprimento com a voz abafada.

Depois soubemos que o patrocinador daquele evento acabou com o estoque de pipoca porque sentiu-se constrangido com a reação dos vizinhos. E deu-se muito bem. Ou alguém tem algo a dizer?

Dica de leitura - o Assistente Social


"Fortalecer as lutas sociais para romper com a desigualdade significa contribuir para que mulheres e homens, oprimidos/as pelo capital, se reconheçam e se constituam como sujeitos políticos e coletivos, que lutam aguerrida e cotidianamente em busca de liberdade e emancipação humana."

Leia o manifesta do Conselho Federal do Serviço Social na íntegra em http://www.cfess.org.br/arquivos/2010.05.15_DiaAS_final%28BAIXA%29.pdf (copie e cole na barra de endereço).Também postei homenagem ao profissional da área em foradomercado.blogspot.com.

domingo, 16 de maio de 2010

Crônica - Adeus língua e cultura brasileira



Nunca alguém me disse que a globalização é uma coisa redonda, feito uma bola, mas imagino-a bem quadrada. Lembro que quando o tema virou moda e ganhou destaque nos jornais e espaços nos programas jornalísticos de televisão e rádio, além de debates, fóruns e audiências públicas, havia uma maioria de brasileiros eufóricos com o que se anunciava. A minoria, mesmo a que não era totalmente contrária, sugeria cautela. E com razão, muitas arestas tinham que ser aparadas.

Algumas idéias sobre a globalização eram simplistas demais. Um Mercosul com abrangência maior, por exemplo. Veja, se considerarmos que o Mercosul é para o cidadão comum algo insólito, sem cheiro e nem cor, então a globalização é só um treco parecido em proporção maior. Realmente simples, não?

Na época, aquela conhecida chata já me alertava toda vez que tinha a oportunidade de uma prosa: "Tem que fazer um bom curso de inglês. Eu já estou na terceira fase e consigo conversar sem receio com o pessoal da matriz. Vá por mim, porque a globalização está ai".

Eu ironizava. Depois justificava que, sendo um profissional da área de comunicação, a minha obrigação era o bom domínio da língua portuguesa. E ela, balançando os ombros, apenas respondia: "Um dia vai me dar razão".

Pois ontem, anos depois desses diálogos com a minha amiga, conferi na Internet alguns sites de oferta de vagas na minha área. Não é que ela tinha razão? A maioria das vagas tem nos requisitos o inglês fluente e avançado.

Detalhe: os caras querem inglês fluente ou avançado e pedem ainda profissionais formados a menos de dois anos. O candidato deve, no mínimo, frequentar um curso de pós-graduação. E o salário...

Então foi por isso que eu vi na TV a cabo, onde a exigência do inglês fluente é básica, que os textos em inglês são perfeitos, mas em português aparecem aberrações vergonhosas.

Eu vi outro dia um senhor boa pinta informando-se sobre vaga oferecida por uma empresa meia-boca de porte médio duvidoso. A conversa, com o direito de exageros e ironias na minha narração, se deu assim:

- A vaga que nóis tem é de auxiliar de assistente de assessor de subgerente do almoxarifado. Como de vez em quando "está sendo" preciso conversar com o pessoal do fornecimento, que é daqui mas gosta de falar ingrês, o senhor precisa ter "ingrês fruente e avanssado".

- Não tenho inglês fluente e nem avançado, senhorita. Mas sou doutor em letras. O meu inglês foi o suficiente para cumprir as exigências do mestrado e do doutorado.

- Isso não pede aqui não. Pede também especialização. Isso o senhor não tem.

- Eu disse que tenho doutorado. O doutorado eu fiz depois do mestrado.

- Não serve não. Tem que ter especialização.

- Certo, mas mestrado e doutorado é além da especialização, moça.

- Por isso é que não serve. Aqui está claro: tem que ter uma especialização.

E a moça se deu pelo dever cumprido naquele atendimento. Foi debater com a colega os últimos lances do BBB. Depois avisou que assistiria à noite um filme do Didi, que é cultura, mas já havia alugado outro da Xuxa, que é pra lá de conhecimento. Mostrou também a coleção de CDs para o chefe, com todo o repertório do pessoal sertanejo universitário, que para ela é o fino. Cinco dias depois recebeu aumento porque ela sabe inglês perfeitamente e concluiu uma especialização dessas que se fazem só para tapear os recursos humanos, que gostam, aliás, de serem tapeados para parecer que são importantes.

O doutor em letras, que alé de tudo tinha uma enorme experiência profissional, sem emprego decidiu vender CDs piratas de duplas sertanejas do circuíto universitário para pessoas que gostam de se enganar.

sábado, 15 de maio de 2010

A espera - Maria José lembra promessa




Maria José Lopes, 52 anos, confecciona e vende peças de artesanato há 20 anos. Ela mora no Jardim Santiago II, em Londrina, e diz que a renda que obtém de seu trabalho é suficiente para viver.

Entre o final de 2008 e o início de 2009, durante o primeiro, o segundo e o terceiro turnos das eleições municipais - isso mesmo, Londrina teve três turnos para definir o prefeito -, reivindicou e ouviu promessas sobre melhorias nas condições de trabalho dos que se sustentam com o artesanato.

"O que eu queria mesma era que o prefeito que foi eleito criasse uma estrutura de feira permanente de artesanato igual ao do Largo da Ordem, em Curitiba", reforça a trabalhadora, atrás da banca improvisada mantida no Calçadão de Londrina.

Maria José lembra que ouviu a promessa de melhoria de quase todos os candidatos desde o primeiro turno das eleições. O atual prefeito, confirma a trabalhadora, em campanha visitou os artesãos.

Passados mais de um ano da posse, Maria José continua no mesmo lugar, com a mesma banca improvisada, e com a mesma esperança: que algo igual ao do Largo da Ordem será feito em Londrina.

Música boa - Outra do Elomar

Resposta - Marghô não desiste da luta

"É Amigo, é como eu digo, não desisto jamais de um dia, de uma maneira ou de outra, chegar lá. Estou na luta e confio em minha capacidade e em meu pensamento positivo.

Mesmo que a sociedade em que vivemos não reconheça que uma experiência de vida em meus 52 anos vale mais do que uma pessoa de 20 que começa a vida agora e não tem a mesma bagagem que eu e você temos."

Marghô Olhier


Leia o texto completo de Marghô no http://foradomercado.blogspot.com ou clique ao lado em Minha lista de blogs, Fora do Mercado.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Crônica - Trabalho tem idade?

Ouvi de Marghô Olhier um depoimento interessante. Aliás, muito preocupante. Ela é uma jovem senhora, conforme observo na foto que ilustra o seu perfil em site da internet. Mas está com 52 anos de idade.

Eu, que estou indo ainda este mês para os 54, considero a minha idade e a idade de Marghô uma das melhores de nossas vidas. Porque é onde ainda nos sentimos jovens, mas temos sabedoria suficiente para uma boa relação tanto com as pessoas mais velhas quanto com as mais novas.

Além do mais, tenho certeza que ela e eu ainda temos, fisicamente, condições de trabalhar como outras pessoas jovens. Intelectualmente, acrescentamos em nós a experiência, a cultura de diferentes gerações, o conhecimento da vida. Quanto à tecnologia, sabemos lidar com a informática, conseguimos nos virar com a internet, conhecemos os programas básicos que fazem a máquina funcionar e um ou outro tem mais detalhes de um software complexo. Eu, por exemplo, domino o Photoshop, o InDesign, o Corel, o Dreanweaver entre outros. Trabalho com vídeos caseiros, produzo arte, diagramo e assim por diante.

Marghô morava em Curitiba. Teve que se mudar para o Noroeste do Paraná por causa da enfermidade da mãe. Ali, na região de Maringá, desde que chegou já distribuiu mais de 60 currículos. Sem sucesso, improvisa-se como pode na função de consultora de vendas de cosmésticos.

Mas Marghô, com quem conversei depois de lançado o blog http://foradomercado.blogspot.com,sabe que tem capacidade para trabalhar com carteira assinada. Porém, nessas andanças em busca de uma vaga, ouviu aquilo que ninguém gostaria de ouvir. Disseram para ela que uma pessoa de 52 anos de idade não é mais para trabalhar.

É o país dos absurdos. Aliás, viva o Dunga presidente do Brasil e o Lula técnico da seleção brasileira de alguma coisa. Ambos já passaram da hora, não acham. Mas não é bem por causa da idade...

Pergunto: Serra e Dilma já providenciaram a papelada para entrar com o processo da aposentadoria?

Recados

- Daqui a pouco, a história de Marghô.

- Às 20 horas, no Centro de Convenções da Faculdade Inesul, lançamento do livro Sou Cidadã - Trajetória e conquistas de uma líder comunitária, Rosalina Batista.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crônica - Lição de vida

Conheci na tarde desta quinta-feira, 13 de maio, um cara desses que a gente simpatiza e planeja manter na agenda como um eterno conhecido. Alguns o chamam de Zé. Zé do que? Zé, apenas Zé. E precisa de mais? No caso dele, é o suficiente. Outros colocam um interessante complemento: Zé da Gaita. É uma referência, um carimbo ou chancela para identificá-lo como músico.

Zé está com 55 anos. Tem formação na área técnica, mas está desempregado há um ano e meio. Ganha a vida vendendo CDs e DVDs como autônomo. Zé sai de manhã para a labuta, volta para casa preparar o almoço, espera a esposa voltar do trabalho no final da tarde, e retorna para a região central de Londrina, onde tenta negociar mais filmes, músicas, shows, jogos e eteceteras.

Às vezes, quando as vendas vão mal, o Zé improvisa um jeito de cativar os consumidores. Ele carrega na sua pasta a gaita brilhante e prateada e toca algumas músicas. Com isso chama a atenção das pessoas e, do grupo que o rodeia durante as apresentações espontâneas, há sempre um ou outro que desembolsa alguma coisa para adquirir um CD ou um DVD.

O Zé mora em uma casa de fundos. Ele mesmo aproveita os horários de folga para ampliar a moradia, que ainda depende de muitos acertos para ficar no capricho. A geladeira duplex ainda tem algumas prestações para só depois de quitada ser dele, da mulher e do filho. O sofá precisa de um conserto.

Religioso, Zé recebe o complemento de "da Gaita" porque por um bom tempo fez parte do grupo de músicos da igreja católica. Ele é crítico, até com alguns aspectos da sua religião. É um cara que não deixa a batata assar.

Em alguns momentos, demonstra certa revolta com a sua condição de desempregado e lembra que a mulher, com um salário de cerca de R$ 600 por mês, é a grande batalhadora da casa.

Ele, que também trabalha, mas fora de sua área, assume a condição de desempregado e, principalmente, a realidade dos fatos: infelizmente, nesta terrinha chamada Brasil, o governo aumenta a expectativa de vida do cidadão para atrasar a aposentadoria, enquanto a iniciativa privada, municiada por gestão de recursos humanos importados de países desenvolvidos, considera um cara de 55 anos um inútil para o trabalho.

E o Zé, assim, é uma lição de vida. Ele batalha como autônomo, prepara o almoço, ajuda a lavar e a passar roupas, conserta a casa, se preocupa com o bem-estar do filho e engasga a voz quando se refere à esposa, que tanto luta por um salário tão pouco. Enquanto faz tudo isso, o Zé mantém a esperança de um emprego.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Trecho de livro - Retrato Noturno

A Lua Cheia mostrou a sua cara vermelha esgueirando-se por entre as nuvens. Revelou-se por segundos e banhou-se nas águas sujas do córrego que corta o bairro humilde.

Estourou uma claridade opaca, muito longe do efeito do flash de uma câmera fotográfica, mas suficiente para denunciar o estado de carência dos moradores do lugar.

Algumas casas iluminaram os retalhos de madeira improvisadamente pregados nas paredes para tapar buracos e esconder intimidades. Entre as telhas de diferentes cores, com cada tonalidade estampando uma época de fabricação distinta, pedaços de lonas e madeirites, além de plásticos grossos e chapas de lata, formavam enormes colchas multicoloridas.

Os sons da madrugada trouxeram latidos de cães, roncos vazados de sonos intranquilos, gemidos de amor, gritos de desamor e o barulho infernal do cio dos gatos. Os ouvidos aguçados daquela gente nem na madrugada descansavam. Algumas das moradias nem chaves tinham ainda em suas portas.

Haveria provavelmente, no olhar ligeiro feito pela Lua, a descoberta de uma ou outra que, ainda em fase de construção, mas já com os seus moradores dentro, nem portas e janelas tinham.

A cortina aberta pelas nuvens também clareou os cortes de ruas. O piso úmido e endurecido tinha a cor da terra roxa após os períodos de chuva e antes da estiagem trazer a poeira.

Em algumas dessas ruas, entre os dois sucos formados pelas rodas dos carros e os quintais sem cercas e muros, desciam as valas levando o esgoto das casas.

Trecho do livro Sou Cidadã - Trajetória e Conquistas de uma Líder Comunitária, Rosalina Batista, que será lançado nesta sexta-feira, 14 de maio de 2010, às 20 horas, no Centro de Convenções da Inesul.

Agenda - Sou Cidadã será lançado com qualquer tempo e sob qualquer temperatura

Esclareço os amigos convidados que o Livro "Sou Cidadã - Trajetória e Conquistas de uma Líder Comunitária, Rosalina Batista", será mesmo lançado nesta sexta-feira, dia 14 de maio de 2010, às 20 horas, no Centro de Convenções da Faculdade Inesul.

Acontecimentos envolvendo esta instituição, que bancou a impressão dos 500 exemplares iniciais em acerto direto com a gráfica, e também patrocina o lançamento, causaram dúvidas em algumas pessoas sobre a suspensão do evento.

Eu,como autor, e Rosalina, como personagem, temos um compromisso com o patrocinador e vamos cumprí-lo, como sempre o fizemos.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

domingo, 9 de maio de 2010

Para conferir - Mariangela Zan

Música de primeira qualidade com a filha do sanfoneiro Mário Zan. O vídeo pertence ao Youtube, de onde o extrai para que o maior número de pessoas possa ter contato com o que é de qualidade.

sábado, 8 de maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Música - Pelo sim, pelo não...

"Noites de cetim", de Herman Torres e Sérgio Natureza, me faz coçar a cabeça e arranhar a alma.

No passado, tempo do bolachão, ouvia esta canção na voz de Amelinha por seguidas vezes, até a agulha do toca-disco ranger sobre o vinil. Isso foi fruto de um terrível vício: gostar de coisa boa.

"Noites de cetim" é poesia pura. Interpretada por Amelinha vira mel nos ouvidos e carícia nas paredes do coração. É também rima, conteúdo, métrica e melodia de bom gosto.

É música para ouvir, se é que se permite furtar a criatividade de outro grande talento da música popular brasileira, Arnaldo Antunes. Música, enfim, para degustar em momentos de encanto por algum motivo extraordinário.

Às vezes eu me pego cantarolando os quatro primeiros versos.

"Pelo sim, pelo não
Eu prefiro o vão
Do portão do meio
Pelo sim, pelo são
Eu prefiro o pão
Feito de centeio
Pelo sim, pelo tão
Esperado fim
Refinado e feio

Ainda guardo em mim
Noites de cetim
Lua de marfim
Dias de sol cheio
Pra depois prosseguir
Reverter, fluir
De retorno ao seio
Viajar pelo som
Espalhando luz
Pela Eternidade."

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Desaforado - Mania de falar como repórter

Rodrigo José era um bandido metido a intelectual. Na verdade, era um trombadinha preguiçoso, daqueles que só fazem vítimas que, supostamente, não oferecem riscos.

Um dia subtraia a aposentadoria de uma senhora já muita arcada por causa do peso da idade. Noutro o relógio de um idoso sem nenhuma chance de oferecer resistência. Se fosse preciso, Rodrigo roubaria o sorvete de uma criança.

Era o baixo nível dos bandidos. E dentre os bandidos era o vagabundo. Mas gostava de gastar nas palavras. Imitava repórteres e apresentadores dos jornais locais da televisão.

Ai é que estava o problema. Um dia ele se deu de frente com uma ex-professora, agora aposentada, bem ao lado de uma agência bancária perto de umas emissoras de televisão. E deu a voz de assalto:

- Olá você! A senhora está sendo assaltada. Se não entregar o dinheiro que foi sendo tirado ai do caixa eletrônica eu vou dando um tiro e a senhora vai acabar morrendo.

- Menino, pra que tanto gerúndio? Fala direto, claro, objetivo. Pra falar correto o menino nem precisa de fonoaudiologia.

- Olá você! A senhora não está entendendo. A senhora está sendo assaltada...

- E por que eu vou acabar morrendo? Ou eu morro ou eu me acabo de outro jeito, menino. Pára com isso.

- Olá você! A senhora vai estar lá do outro lado, no outro mundo, se não acabar entendendo...

- Claro, um dia estarei lá. Pra que falar que vou estar lá?

- Olá você! Eu vou estar ficando nervoso e vou estar atirando daqui a pouco, onde a senhora vai acabar morrendo...

- Onde é lugar, não é tempo, menino...

- Olá você! Vou estar desistindo senão eu vou acabar atirando e a senhora vai estar sendo morta. Boa tardem!

E a aposentada voltou para casa com todo o dinheiro da aposentadoria...

Recado 1 - Lançamento de livro

O livro que escrevi com a história da líder comunitária Rosalina Batista, da zona sul de Londrina, será lançado pela Faculdade Inesul no dia 14 de maio de 2010, uma sexta-feira, às 20 horas.

Não é uma biografia. É uma grande reportagem, com recursos dos gêneros literário e da crônica. Quase um romance, de 92 páginas.

Em homenagem à Dona Rosalina, a Inesul patrocionou a impressão da edição de lançamento, com 500 exemplares. A faculdade também banca o lançamento e a confecção do convite.

Recebi um deles por e-mail. É tão objetivo que nem o nome do autor do texto consta no convite. É meio decepcionante.

Recado 2 - Sem caçamba, com sujeira

A caçamba mencionada em artigo anterior deste blog, na esquina da Rua Astorga com a Rua Professor Samuel Moura, Vila Judith, zona oeste de Londrina, foi retirada na segunda-feira.

O lixo do prédio da esquina, porém, contínua desprotegido de recipiente, no mesmo local, até que o caminhão da coleta passe. Na manhã de terça, 5 de maio de 2010, papéis, isopor, vidros quebrados e outras coisas podiam ser vistas espalhadas pela calçada e no asfalto.

O material orgânico e reciclável, colocado apenas em sacos plásticos, não se mantém nestas embalagens por causa dos cachorros e de alguns catadores de papel.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Opinião - Ser voluntário quando e como

O idoso que varre ruas da vizinhança e ganha cinco reais virou personagem de uma página de jornal. A comunidade sei lá de onde, que instalou alarmes e câmeras nos postes de iluminação pública, mereceu destaque na televisão.

Detalhe: nessa comunidade, os participantes se comprometem a correr atrás de um suposto criminoso em caso de um fragrante. Claro, se alguém levar um tiro, essa vítima, com certeza, merecerá uma página no jornal e destaque na televisão. E haja notícias feita nas coxas...

A provocação tem um motivo: as pessoas devem saber quando e como assumir um trabalho voluntário. O que é ser voluntário? Pelo que os meios de comunicação mostram, há quem não saiba o real significado da palavra. Então procurem no Google.

Voluntário não é aquilo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso transformou em lei. Consertar escola pública é obrigação do Estado.

Voluntário não é varredor de rua em troca de cinco reais. As prefeituras mantém quadros próprios ou empresas terceirizadas que cobram, e muito bem, para limpar as vias públicas.

Voluntário não é o bancário, a professora, a dona de casa, o filho do advogado, ou a neta da matriarca que compram vídeos e alarmes e correm atrás de bandidos. Paga-se impostos - e quanto - para que o Estado assegure segurança pública.

Nesses três exemplos, ser voluntário é ter cidadania. Cidadania suficiente para reunir vizinhos, colegas, a comunidade toda e demais interessados para falar alto e em bom tom com as autoridades eleitas pelo voto.

E cobrar delas soluções emergenciais para um monte de problemas que se perpetuam na segurança, na saúde, na educação, no lazer e na vida como um todo.

Ah, mas não adianta cobrar dos políticos. Pense assim e verá que em breve a população carregará nas costas mais fardos do Estado do que o peso que já enverga a coluna da maioria das pessoas.

domingo, 2 de maio de 2010

Vida urbana - Falta desconfiômetro ou é abuso


Prédio vizinho ao meu, localizado na esquina da Rua Astorga com a Rua Professor Samuel Moura, na Vila Judith, Zona Oeste de Londrina, esconde sua sujeira do lado.

Certo, o prédio está em obras, por isso a necessidade de uma caçamba. Mas mesmo sem obras o local onde a caçamba está colocada é onde o condomínio põe diariamente os sacos plásticos de lixo.

Isso é feito à tarde, mas os coletores de lixo só passam à noite. Os sacos ficam depositados na calçada. O condomínio não utiliza recipientes plásticos ou latões para depositá-los.

Cada cachorro que passa faz, no mínimo, um rasgo num saco de lixo. Depois passam os recicladores, que por mais cuidados que tenham sempre acabam derrubando algum material orgânico na calçada.

O local onde os sacos ficam é na esquina, mas em ponto que não compromete a frente do prédio. A frente fica limpinha. A sujeira, por falta de um tapete na calçada, fica do lado, atrapalhando pedestres que passam pelo local.

Agora, com a caçamba, a situação piorou. Na noite de sábado, dia 1º de maio, a caçamba ardeu em chamas. Alguém, intecional ou acidentalmente, botou fogo no material inflável (espuma) colocada na caçamba.

Fiscalização, que é bom, nada...

Recado - Para debater o desemprego

Entrou no ar no dia 1º de maio um blog para debater o desemprego e, melhor ainda, servir como um canal de apoio para trabalhadores que estão fora do mercado e seus familiares.

Sabemos que em muitos casos a depressão bate forte e algumas pessoas necessitam de ajuda psicológica. O que o blog http://foradomercado.blogspot.com pretende estimular é a participação inclusive de profissionais da psicologia e da psicanálise nos debates.

Um dos temas que merecerá atenção especial: a exclusão de profissionais experientes do mercado de trabalho por causa da idade. Em alguns casos, trabalhadores com 30 anos de idade e com amplo conhecimento das atividades que exercem são descartados.

Outro assunto polêmico: empresas abrem vagas para pessoas formadas há pouco tempo, mas que já detém cursos de especialização e inglês fluente. Com isso, profissionais experientes que não tiveram a oportunidade de cursar pós-graduação e nem aperfeiçoar idiomas ficam de fora dos processos seletivos.

Também deve ser considerado: para alguns sindicatos de trabalhadores, você faz parte da categoria somente enquanto empregado e recolhendo taxas e contribuições sindicais. A partir do momento em que você se vê desempregado, percebe que o seu sindicato te exclui da categoria. Raramente alguma entidade sindical trabalha projetos de apoio aos desempregados da própria categoria.

Um exemplo: na minha categoria - sou jornalista -, há profissionais com dois empregos e mais freelancer. E nem sempre esse acúmulo de atividades está relacionado à capacidade ou talento. Às vezes funciona a influência de amigos, políticos etc.

Participem. Visite o blog:

http://foradomercado.blogspot.com