Onipresente, exaurível, levemente tostado, picante, doce, amargo,
salgado, claro, escuro e onipresente. Assim na terra como no céu. O poder é um
mistério. Ou nem tanto.
Abrahan Lincoln, o décimo sexto presidente dos Estados
Unidos da América, deixou uma frase célebre: “Quase todos os homens são capazes
de suportar adversidades, mas se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe
poder”.
Explicito! Cá na terra nestes trechos habitados por cotistas
e beneficiários dos bolsas famílias, o poder é ter um camaro enquanto a maioria
dos motorizados se contenta com um ponto zero. O resto, formado por um monte, vai a pé mesmo.
Poder que também se vende a quem é de posse. Barcos, aviões,
fazendas e mansões são moedas de troca. Mas nunca os proprietários disso tudo
concedem. A plebe, fruto de um estranho costume de submeter, faz por conta própria
a reverência.
O poder, raramente, é resultado de conquista. Na política,
nem sempre o voto que dá o trono é merecido. A cultura, decaída e capenga,
elege o poder econômico mantido por partidos e coligados, estes financiados por
grupos econômicos dominantes.
Discurso! Tantos já falaram sobre isso. E por incrível que
pareça deixaram de ser ouvidos. A conseqüência é a necessidade de repetir a falácia,
feito risco na mídia ou outro defeito: a música não sai do refrão.
Há exceções. Sobram as pessoas tesudas por dignidade. Meia dúzia
ou pouco mais. A gente é que não enxerga e perde a oportunidade de distinguir
quem do grupo de quem.
Conheço alguns. Nem todos são meus amigos. Quanto aos amigos
tenho muitos. Poucos são excepcionalidade. É igual crer e ter fé. No desespero
atribuímos às divindades o poder do milagre que elas não tem.
E sem a reviravolta que esperamos perdemos pé tanto quanto a
fé. Não é culpa nossa. Alguém, desde a nossa infância, nos fez pensar que lá em
cima mora um poderoso. Assim somos. Eternos crentes em quem tem poder, aqui na
terra como no céu.
Por isso cruzamos os braços e esperamos o próximo trem, o
reajuste salarial do ano que vem, a oportunidade de vaga de emprego daqui a três
meses. Não o temos, mas adoramos quem tem poder.