terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Crõnica - Assim na terra como no céu


Onipresente, exaurível, levemente tostado, picante, doce, amargo, salgado, claro, escuro e onipresente. Assim na terra como no céu. O poder é um mistério. Ou nem tanto.

Abrahan Lincoln, o décimo sexto presidente dos Estados Unidos da América, deixou uma frase célebre: “Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”.

Explicito! Cá na terra nestes trechos habitados por cotistas e beneficiários dos bolsas famílias, o poder é ter um camaro enquanto a maioria dos motorizados se contenta com um ponto zero. O resto, formado por um monte, vai a pé mesmo.

Poder que também se vende a quem é de posse. Barcos, aviões, fazendas e mansões são moedas de troca. Mas nunca os proprietários disso tudo concedem. A plebe, fruto de um estranho costume de submeter, faz por conta própria a reverência.

O poder, raramente, é resultado de conquista. Na política, nem sempre o voto que dá o trono é merecido. A cultura, decaída e capenga, elege o poder econômico mantido por partidos e coligados, estes financiados por grupos econômicos dominantes.

Discurso! Tantos já falaram sobre isso. E por incrível que pareça deixaram de ser ouvidos. A conseqüência é a necessidade de repetir a falácia, feito risco na mídia ou outro defeito: a música não sai do refrão.

Há exceções. Sobram as pessoas tesudas por dignidade. Meia dúzia ou pouco mais. A gente é que não enxerga e perde a oportunidade de distinguir quem do grupo de quem.

Conheço alguns. Nem todos são meus amigos. Quanto aos amigos tenho muitos. Poucos são excepcionalidade. É igual crer e ter fé. No desespero atribuímos às divindades o poder do milagre que elas não tem.

E sem a reviravolta que esperamos perdemos pé tanto quanto a fé. Não é culpa nossa. Alguém, desde a nossa infância, nos fez pensar que lá em cima mora um poderoso. Assim somos. Eternos crentes em quem tem poder, aqui na terra como no céu.

Por isso cruzamos os braços e esperamos o próximo trem, o reajuste salarial do ano que vem, a oportunidade de vaga de emprego daqui a três meses. Não o temos, mas adoramos quem tem poder.


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