segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Crônica - Nomes carinhosamente injustos


Joãozinho é herói, bobo da corte, humorista, comediante e, coitado! Refiro-me ao nome, João. Está quase sempre colocado no diminutivo, o que é, no mínimo, discriminação. Joãozinho...

Diferente do Zé. Este, apesar de reduzido a duas letras de um total de quatro, além do acento agudo, engrandece o sujeito. Talvez por causa do “Z”, maiúsculo, que toma o lugar do “s”, minúsculo.

Tese simplista. Mas tem fundamento. João, quando gordo e crescido, nunca é substituído por Joãozão. O que sai da boca de quem chama normalmente é Gordão. Ou balofo. Antigamente xingavam o João Gordo de elefante, baleia e bichos impossíveis de carregar nas costas. Zé, acima do peso, torna-se Zezão.

João Mané! Vejam, até trabalham um composto para denegrir o indivíduo tido como topeira. E temos que considerar, de repente, que o nome do cara nada tem a ver nem com o João e muito menos com o Manuel. Ou Manoel. O sujeito se chama Nicolas. Talvez Sebastião. Provavelmente Peter. Supostamente Enrico.

Busco na internet alguma tese sobre essa implicância com o João. Nada encontro de consistente. Alguém escreveu num fórum de internautas que a culpa é de quem se chama João. Porque uns se tornam bonachões. Outros se diminuem, Há os que viram palhaços. Também andam pelas ruelas os que mentem.

Então me toca a campainha da porta o vizinho do oitocentos e três. Tem quase um metro e oitenta, deve pesar lá pelos noventa e todos o chamam de Juninho. Perguntei a ele o motivo do diminutivo.

Eufórico, o dito relatou que vem do carinho da mãe. Tipo, “nasci Juninho, cresci Juninho, estou envelhecendo Juninho”. Lá atrás, a mulher dele piscou. Depois, sozinha comigo no elevador, ela revelou que Juninho é um diminutivo justo para o tamanho das cabeças do sujeito.

Cabeças? Deu um branco de alguns segundos e eu imaginei coisas. Então, antes que eu pedisse explicações ela acrescentou: “Sim, cabeças. Tem uma lá embaixo que só mija e outra, grudada no pescoço, que fede de tanta porcaria dentro.


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