O lado de lá tem sombra de árvore, mas eu gosto do sol
queimando as gorduras da minha impaciência em ver chegar a noite, grande e de
cor indefinida. Dizem que é negra tanto quanto a luz apagada do poste esquecido
que serve, além dos cães, aos bêbados. A lâmpada é incandescente quando acesa.
Apagada nem preta é. Mente quem diz que ela é branca e fria. Ela é de tom
gelatinoso e inspira. Qual sabor se a cereja é vermelha, o abacaxi é amarelo, a
uva é vinho e a laranja é laranja. Qualquer gelatina tem o mesmo gosto. Então,
se é noite, logo passa por ali a madrugada. É quando o corpo quer cama e a
mente, insana e insônia, pede o sol de volta. Queimando no meu quintal e
fazendo sombra no vizinho.
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