terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Crônica - A folia que acaba


A entrada da quarta-feira de cinzas acaba este ano com uma folia, a do carnaval. A maioria dos brasileiros entende-a como um momento. Chegou, festou, terminou. E no ano que vem haverá mais. Trabalhadores que levam nas costas o país, estes brasileiros assumem seus papéis na imensa linha de produção que toca a economia brasileira.

E mesmo que temporariamente inativos, por culpa do desemprego, consomem, pagam tributos, financiam os diferentes níveis do poder público e pagam os salários de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores, ministros, secretários estaduais e primeiros escalões municipais, além do grande contingente de colegas trabalhadores, que são os servidores públicos. Financiam também o judiciário, as entidades sindicais e até mesmo organizações empresariais que vivem sob a tutela do Estado, este que é mantido com o dinheiro do contribuinte.

A quarta-feira de cinzas, enfim, encerra um período de direito à fantasia. Não tanto aquela das roupas que se vestem. É mais do sonho de ser pierrô e conquistar a sua colombina. Ou da colombina que ousa mais e se declara ao pierrô. E como no Brasil o julgamento é pelo avesso, cabe a quem faz o país funcionar uma inconsciente culpa: agora começamos a trabalhar.

Mentira. Os que se fantasiaram de seus desejos, mesmo que este fosse simples, como sair descompromissado atrás de um bloco ou trio elétrico, trabalham o ano todo, antes e depois do carnaval. E se o calendário de feriados é esticado a culpa não é deles. De todo o período trabalhado de um ano, os trabalhadores assumem, por cerca de cinco meses, o papel de contribuintes. Os levantamentos dos institutos sérios não mentem: cinco dos doze meses de trabalho são para pagar impostos.

Para estes acabou a folia do carnaval. Então os holofotes que raramente dão close nos integrantes da força produtiva brasileira são direcionados aos oportunistas. Políticos, aproveitadores, bandidos e outras coisas mais prosseguem com um carnaval diferente, de roubalheira, injustiça e nem um pingo de vergonha. A fantasia é a cara de pau. A passarela são os bastidores, os cantos obscuros do país, os locais que um cidadão comum não freqüenta. O prêmio por esta folia, infelizmente, ainda é a impunidade.

     

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