quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Família – Entre Neca e Mari, a Nana


Irmã do meio, Daisy certa vez seguiu o roteiro dos dekasseguis que partiram para o Japão na esperança de um retorno ao Brasil mais justo financeiramente

Walter Ogama

O encontro das ruas Javari e Turiaçu, na Vila Nova, em Londrina, era um bom atalho a quem subia para os fundos da rua de cima, a Juruá. Aquela esquina encerrava uma área gramada antes pertencente a um campo de futebol, o União, que já recebia naqueles tempos algumas casas.
Porém, a travessia por ali, fazendo uma diagonal, pedia a transposição de barrancos. Nada exagerados na altura, mas inconvenientes nos dias de chuva. Em situações normais, o local dispunha de uma escada de terra formada naturalmente de tanto sobe e desce das pessoas. A poeira misturada com grama virava um transtorno para os calçados brilhantes da graxa.
Daquela direção subiam, fazendo a diagonal pelo trilho marcado na vegetação rasteira, a Nana e sua colega de escola, Rosa Maria. Nana morava no número 181 da Juruá. Era a terceira casa do segundo quarteirão. A Juruá ia da Rua Araguaia até a Rua Tietê, cortadas pela Turiaçu e pela Solimões.
Rosa Maria morava no mesmo quarteirão de Nana, quase no fim dele. Mas a colega fazia a mesma diagonal para que pudessem parar na frente do portão de Nana para encerrar as conversas.
Nana, batizada Daisy Mitsue Ogama, é filha de Luiza e Dairoku Ogama. Tem duas irmãs, a Denise, que é mais nova, e a Mary, que é mais velha. O quarto filho de Luiza e Dairoku é homem. Uma quinta criança, Karen, faleceu ainda pequena. Daisy nasceu no dia 30 de setembro de 1953.
Rosa Maria, ao contrário, tinha três irmãos homens e era a única mulher da casa. O pai mantinha uma fábrica de balas na Juruá.
Nana é casada com Dirceu e com ele teve dois filhos, Edson Kazuo, que nasceu em 20 de julho de 1973, e Matheus Koiti, nascido no dia 16 de setembro de 1994.
Edson é solteiro e depende de cuidados especiais, por isso ainda mora com a mãe e o pai. Nana dispensa toda a atenção ao filho.
Matheus, o mais novo, cresceu tendo a família e a religião como bases sólidas para a sua formação. Casado com Aline Karen, Matheus trabalha em laboratório ótica, segmento no qual se especializou. O casal tem uma filha, Sofiah Keiko, que nasceu no dia 24 de agosto de 2016.
Nana, quando adolescente e depois jovem, tinha estatura física menor que o da irmã mais velha, Mary. Em relação a Denise, a irmã mais nova, Nana, embora magra, tinha altura bastante superior.
A subida diagonal do barranco da rua de baixo até a Juruá na direção da casa número 181, trazia uma jovem de cabelos negros, meias brancas até a metade das canelas, blusa branca de botões de camisa, saia de tergal azul marinho plissada e sapatos sociais pretos.
Era o uniforme do Colégio Estadual Professor Vicente Rijo, que na época funcionava no quarteirão cercado na frente pela Rua São Salvador, de um lado pela rua São Vicente, aos fundos pela Rua Belém e no outro lado pela Rua Niterói.
Hoje o Vicente Rijo funciona nas esquinas da Avenida Higienópolis com a Avenida JK. As antigas instalações abrigam atualmente o Colégio Estadual Marcelino Champagnat.
Nana também estudou o primário no Grupo Escolar Nilo Peçanha, na Rua Araguaia. E atravessou o antigo campo do União e a metade do campo de beisebol do Nihon-Gaco para as aulas de japonês.
Em dezembro de 2004 engrossou a fila dos dekasseguis que foram trabalhar no Japão, como chão de fábrica, na esperança de retornar ao Brasil com capital suficiente para dar uma guinada econômica na vida.
Naquele tempo, o trabalho no Brasil, assim como é agora e já se repetiu por vezes, garantia muito pouco aos brasileiros. Por isso, houve anos em que os descendentes de japoneses partiram para o Japão. Houve também trabalhadores brasileiros que foram aos Estados Unidos e alguns países da Europa.
Mas Nana ficou pouco tempo no Japão. Em setembro de 2005 ela retornou porque havia deixado os filhos no Brasil. Apesar disso, diz que a experiência foi boa e não teria voltado se não fosse pelos filhos.
Antes de ir ao Japão Nana trabalhou em bazar no centro de Londrina, em escritório de contabilidade, em fábrica de doce, em estabelecimento particular de ensino e em instituição hospitalar, entre outros.

Atualmente cuida do filho mais velho, Edson, e paparica a neta Sofiah, o filho Matheus e a nora Aline. Regularmente Daisy se encontra com as irmãs Denise e Mary. 


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