segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Crônica - Londrina, direitos e palhaços


Tudo a ver esta mistura, desde que a análise seja feita a partir das circunstâncias. Fica o povo excluído de qualquer referência maldosa e acusatória. Creia-se, dos pouco mais de quinhentos e quinze mil habitantes desta terra vermelha temos noventa por cento de cidadãos. O resto é político, assessor de político eleito ou nomeado, cabo eleitoral de político vitorioso ou derrotado, meliante, delinquente, chefe de bando e dono da matilha. Ou, manadas!

É segunda-feira, dez de dezembro do ano de dois mil e doze. Às doze horas a temperatura está em trinta graus numa pequena sala de trabalho. Um enorme aparelho de ar condicionado faz de conta que funciona. Tenta, mas é incapaz de vencer o calor e os erros de instalação. Enormes frestas tiram o efeito da máquina, que consome energia e deixa de atender os que esperam dela, no mínimo, o rebaixamento da marca do termômetro naquele ambiente interno.

Londrina completa setenta e oito anos de idade. É a minha cidade. Nasci nela e no tempo que estive fora percebi o quanto é difícil ficar longe dela. É uma relação amorosa de jacu. Amor que levo na mochila quando viajo. E na mochila é um amor que merece repartição especial: vai junto com o sanduíche de pão com mortadela e a garrafa quente de guaraná. Somos, eu e Londrina, o sapato e a meia, para não ter que dizer palavrão.

Londrina nasceu em mil, novecentos e trinta e quatro. Lembro que na mesma data, em mil, novecentos e quarenta e oito, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Provo com duas palavras que Londrina e a declaração são o bolso e o lenço: Somos cidadãos. Não precisa mais do que isso.

E tira-se, depois, que o dez de dezembro também é o Dia do Palhaço. Parabéns aos que trabalham na dura missão de arrancar risos de uma platéia que nem sempre está disposta a gargalhar, mesmo que de raiva. Não estamos falando dos comediantes palhaços: faustões, didis, cacetas e planetas, cequecês e tantos outros que nem sabem pintar a cara.  Aliás, já nascem com ela pintada. Estamos falando dos palhaços que choram mas fazem rir usando como ferramenta de trabalho as coisas engraçadas. Palhaços de antigamente ironizavam raças, cor, credo e gênero. Hoje esses desacertos inconscientes são praticados por comediante palhaços.

De palhaço mesmo Londrina teve Picolino. Comediante palhaço Londrina tem bastante. Todos estão incluídos naquele grupo dos dez por cento excluídos dos noventa por cento dos cidadãos londrinenses. Tem comediante palhaço no poder público municipal, estadual e federal, na Câmara de Vereadores, na Assembléia Legislativa, na Câmara dos Deputados, no Senado e em outros tribunais.  Muitos comediantes palhaços.

Cidade de braços abertos a pessoas de todos os cantos do mundo, Londrina também não discrimina esse tipo de gente. Está na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo sexto: Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. E Londrina cumpre. Tanto que até elege comediantes palhaços para as diferentes esferas do poder.

Isso é democracia. Os prejuízos a gente soma depois.


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