Veio a Arminda logo cedo relatar o sonho de domingo para
segunda: ela passou a madrugada inteira com o Fuleco!
Calma. Arminda não dormiu com o Fuleira. Ela interagiu
com o tatu-bola. Felipão, Parreira, Romário, Gordo Ronaldo, Zeca Camargo,
Galvão Bueno e toda a diretoria da CBF e da Fifa nem perto da cama de Arminda
chegaram. Fique, portanto, bem claro que fuleiras não abraçaram de madrugada esta
mulher que é quase santa.
Arminda sonhou com o Fuleco. E segunda conta não foi
um acontecimento meigo. Foi um desabafo! Tatu-bola estava cabisbaixo porque
andam confundindo o seu apelido com o do Felipão. E de nada tem adiantado
tatu-bola insistir que não é Fuleira. É Fuleco!
Fuleira, diz ai um dicionário, é o mesmo que barato,
ruim, de qualidade duvidosa. Tira-se desse sinônimo que Fuleira são os outros.
Até Neymar, se fizer até 2014 mais propaganda do que gols, entra nesse time de
segunda.
Fuleco, conforme explica a Fifa – ou tenta explicar
-, é a fusão de futebol e ecologia. O cara que trabalhou a fusão deve ser
estrangeiro. Só pode ser. Também, com a reforma do português assinada pelo
Lula...
Tatu-bola explicou no sonho a Arminda que ele é do
gênero Tolypeutes e adora uma formiguinha. Virou, mexeu e está fuçanda a dona
Saúva, com aquela cinturinha fina e bunda enorme.
Arminda lembra de ter perguntado à tatu-bola se ele
é da espécie Tricinctres ou Matacus. No sonho tatu-bola teria respondido que
tanto faz. “Sou Mataco e ao mesmo tempo Tatu-bola-da-caatinga. No primeiro caso
o meu estado de conservação é quase-vulnerável. No segundo sou vulnerável”.
A mulher ficou aérea. Não pinçou nada da resposta. E
para não complicar mais ainda entrou em questões básicas: “E como você faz para
virar uma bola?”
De acordo com tatu-bola, o seu formato e sua cor em
nada conferem com o desenho da Fifa: “Imaginem se o meu casco fosse azul igual
ao do desenho? Eu seria um pavão! E esta camiseta branca da Fifa é de pior
qualidade. Na primeira lavada deforma. A costura do lado vai para as costas e a
gola deve cair até o umbigo. Se é que eu tenho umbigo, sei lá”.
Quanto ao calção verde, tatu-bola explicou que nunca
precisou de tal vestimenta lá no seu meio: “Quando eu quero esconder as minhas
partes eu viro bola. Também estou infeliz com o meu porte físico. O meu perfil
é mais parecido com o dos jogadores Adriano e Ronaldão. Colocaram o corpo do
Messi no meu desenho. Absurdo!”
Outra queixa de tatu-bola, segundo revelou à
Arminda, é o do topete. “Fosse um topete igual ao do Neymar e eu ia usar muita
gomalina para marcar os gols. Goleiro nenhum ia segurar a bola melecada de gel
que eu ia mandar para a quina da trave.”
Lá pelas cinco e pouco da manhã, antes de Arminda
despertar para fazer o café, tatu-bola fez um pedido, em tom choroso: “Por
favor, peçam para não me chamarem de Fuleco. Eu sou o tatu-bola e é assim que gosto
de ser chamado. Fuleco confunde com Fuleira. Fuleira é o técnico, o auxiliar,
os dirigentes, parte dos jogadores e parte da torcida, especialmente os 1,7 milhão
de brasileiros que votaram nesse nome de merda”.
Mas sabe, depois ele até se acalmou um pouco quando
soube que os outros dois nomes propostos eram Zuzeco e Amijubi. E questionou: “Grande
Mãe Natureza, de onde tiraram esses nomes?” Lá de longe ecoou a voz do Lula: “Depois que
assinei a reforma do português qualquer fuleira vira fuleco...”
Que injustiça e que infelicidade a nossa, que
corremos o risco de ter uma bola chamada Cafusa. Nem cor tem da gloriasa raça
Brasil quando o assunto é etnia. Como dizia Silvio Britto, lá no antigamente: “Tá
todo mundo louco...”
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