segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Crônica - Há diferença, sim senhor


Veio a Arminda logo cedo relatar o sonho de domingo para segunda: ela passou a madrugada inteira com o Fuleco!

Calma. Arminda não dormiu com o Fuleira. Ela interagiu com o tatu-bola. Felipão, Parreira, Romário, Gordo Ronaldo, Zeca Camargo, Galvão Bueno e toda a diretoria da CBF e da Fifa nem perto da cama de Arminda chegaram. Fique, portanto, bem claro que fuleiras não abraçaram de madrugada esta mulher que é quase santa.

Arminda sonhou com o Fuleco. E segunda conta não foi um acontecimento meigo. Foi um desabafo! Tatu-bola estava cabisbaixo porque andam confundindo o seu apelido com o do Felipão. E de nada tem adiantado tatu-bola insistir que não é Fuleira. É Fuleco!

Fuleira, diz ai um dicionário, é o mesmo que barato, ruim, de qualidade duvidosa. Tira-se desse sinônimo que Fuleira são os outros. Até Neymar, se fizer até 2014 mais propaganda do que gols, entra nesse time de segunda.

Fuleco, conforme explica a Fifa – ou tenta explicar -, é a fusão de futebol e ecologia. O cara que trabalhou a fusão deve ser estrangeiro. Só pode ser. Também, com a reforma do português assinada pelo Lula...

Tatu-bola explicou no sonho a Arminda que ele é do gênero Tolypeutes e adora uma formiguinha. Virou, mexeu e está fuçanda a dona Saúva, com aquela cinturinha fina e bunda enorme.

Arminda lembra de ter perguntado à tatu-bola se ele é da espécie Tricinctres ou Matacus. No sonho tatu-bola teria respondido que tanto faz. “Sou Mataco e ao mesmo tempo Tatu-bola-da-caatinga. No primeiro caso o meu estado de conservação é quase-vulnerável. No segundo sou vulnerável”.

A mulher ficou aérea. Não pinçou nada da resposta. E para não complicar mais ainda entrou em questões básicas: “E como você faz para virar uma bola?”

De acordo com tatu-bola, o seu formato e sua cor em nada conferem com o desenho da Fifa: “Imaginem se o meu casco fosse azul igual ao do desenho? Eu seria um pavão! E esta camiseta branca da Fifa é de pior qualidade. Na primeira lavada deforma. A costura do lado vai para as costas e a gola deve cair até o umbigo. Se é que eu tenho umbigo, sei lá”.

Quanto ao calção verde, tatu-bola explicou que nunca precisou de tal vestimenta lá no seu meio: “Quando eu quero esconder as minhas partes eu viro bola. Também estou infeliz com o meu porte físico. O meu perfil é mais parecido com o dos jogadores Adriano e Ronaldão. Colocaram o corpo do Messi no meu desenho. Absurdo!”

Outra queixa de tatu-bola, segundo revelou à Arminda, é o do topete. “Fosse um topete igual ao do Neymar e eu ia usar muita gomalina para marcar os gols. Goleiro nenhum ia segurar a bola melecada de gel que eu ia mandar para a quina da trave.”

Lá pelas cinco e pouco da manhã, antes de Arminda despertar para fazer o café, tatu-bola fez um pedido, em tom choroso: “Por favor, peçam para não me chamarem de Fuleco. Eu sou o tatu-bola e é assim que gosto de ser chamado. Fuleco confunde com Fuleira. Fuleira é o técnico, o auxiliar, os dirigentes, parte dos jogadores e parte da torcida, especialmente os 1,7 milhão de brasileiros que votaram nesse nome de merda”.

Mas sabe, depois ele até se acalmou um pouco quando soube que os outros dois nomes propostos eram Zuzeco e Amijubi. E questionou: “Grande Mãe Natureza, de onde tiraram esses nomes?”  Lá de longe ecoou a voz do Lula: “Depois que assinei a reforma do português qualquer fuleira vira fuleco...”

Que injustiça e que infelicidade a nossa, que corremos o risco de ter uma bola chamada Cafusa. Nem cor tem da gloriasa raça Brasil quando o assunto é etnia. Como dizia Silvio Britto, lá no antigamente: “Tá todo mundo louco...”


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