Dois postes disputam o lugar a ser iluminado. O
vencedor terá lâmpada própria. Mas para si serão direcionados holofotes. Nunca
de luz negra. É que vigora o tabu da transparência quando ela incide. Nada a
ver, mas a nudez cultural e ética pode refletir um caráter obscuro. Então a
prevenção é defesa.
Um ou outro. O risco é iminente. Sim, iminente.
Aqui, em hipótese alguma, fala-se de eminência. Nem os parônimos e muito menos
a análise fria do perfil dos postulantes permitem equívocos. É iminência.
Iminência e risco.
São dois postes e as lâmpadas de seus currículos são
fracas. Algo comparado a um doze volts ligado a uma bateria prestes a arriar. A
carga rápida não sustenta e a normal leva tempo, ao ponto da desistência.
Incandescentes, quando acesas parecem pequenos tomates desses que se colhem
para as bancas de promoções.
Fósforo, eis a questão. Luz negra é resultado da
falta dele, fósforo. Então quando informaram aos postes postulantes sobre isso,
trataram ambos os concorrentes de providenciar caixas de fósforos de acender
fogão a lenha. Imaginaram ambos que se suas lâmpadas careciam de fósforo, era
porque na modernidade os fogões dispõem de acendedores elétricos.
Ignorância extrema. De um e de outro. E tanto faz.
Ninguém percebe tanta burrice. As pessoas que podem decidir sobre o futuro dos
postes buscam carismas, que não encontram. O que acham são bocas moles de
gestos e expressões que falseiam. E tanto faz. Quase ninguém percebe.
Ídolos de barro. Heróis sem passado. Um dos postes
tem escoras. Não se sustenta por si. Depende de braços a empurrá-lo de um lado
a outro de forma que não cambaleie. Algumas dessas escoras estão podres. Outro,
um centímetro mais inteligente, aposta ser o preferido por parecer bonzinho.
Fora isso é a fotografia da insegurança e pode despencar ao primeiro vento.
São dois postes e o lugar a ser iluminado é amplo.
Nenhum, com suas luzes incandescentes de baixa voltagem, consegue mostrar para
o que veio. E a cidade está muito escura.
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