terça-feira, 11 de setembro de 2012

Crônica - Se tudo der certo serei candidato

O fator previdenciário comeu o iogurte semanal da netinha da aposentada. Ela, a beneficiária, trabalhou trinta anos com carteira registrada. Antes disso se ocupou como doméstica na casa daquela família onde o homem se aproveitava da ausência dos outros para tentar apalpar a então adolescente empregada. E a menina, naquela época, nem malícia tinha. Só sabia que aquilo era feio e tinha que evitar. Assim procedia, fugindo para o quintal varrer folhas secas do abacateiro.

Também trabalhou sem registro na quitanda da rua de baixo. Faxinando, organizando, carregando e embrulhando sempre sob o olhar de desconfiança do proprietário. Foram cinco anos perdidos. Nem contaram para a aposentadoria e tampouco acrescentaram conhecimento, experiência, cultura e progresso financeiro ou profissional.

Beneficiária! O que a aposentada recebe é um cisco. Ela própria ironiza-se e diz que é um cala a boca do governo para os trabalhadores inativos. Aliás, quem disso isso? Inativo é aquele que está debaixo da terra. A aposentada agora é diarista. Saí de casa de manhãzinha e só retorna quase no fim da tarde. Nesse tempo lava, esfrega, seca, passa, cozinha e ouve desaforos de patroas soberbas.

O Lula, por exemplo, recebe aposentadoria milionária e continua ativo. Ele faz campanha política para os seus aliados, diz bobagens, comete gafes e ativa-se até durante as madrugadas, sonhando em voltar a ser presidente.

Lula vetou a primeira tentativa de acabar com o fator previdenciário. Aproveitou um dia de jogo da seleção brasileira de pernas de pau e caneteou não à proposta de tornar a aposentadoria mais justa para o trabalhador da iniciativa privada.

Dilma também disse não à mesma proposta, modificada em alguns pontos. Ela, que diz ter criado no Brasil “um modelo de desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com estabilidade, no equilíbrio fiscal e no distribuição de renda”, também prefere o fator previdenciário comendo o aposentado brasileiro pelos bolsos.

Fernandinho, o Henrique que também é Cardoso, aquele mesmo que se mira no espelho e fala bobagens consigo mesmo, também tem culpa no cartório. Este cara tentou de todo jeito acabar com alguns dos direitos trabalhistas básicos e seus retardados seguidores continuam com a tentativa no Congresso Nacional. Micro Empreendedor Individual, que bela sacanagem para tapear os desempregados...

Eu, que estou perto da aposentadoria, tenho matutado. Devo seguir conselho da minha consorte: “Vira político”, disse-me ela. “Começa com vereador, passa a deputado, vira governador e sobe. Com mais dez anos de investimento você tem um monte de aposentadorias sem fator previdenciário e sem risco de Lula, Dilma, FHC ou qualquer outro vetar.

Dizia o Gerson, futebolista aposentado: “Tem que levar vantagem em tudo...”


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