quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Crônica - Já tenho plataforma eleitoral...

Cada vez mais forte a possibilidade de eu virar político para ter uma aposentadoria rentosa, sem fator previdenciário e sem a necessidade de brigar com Dilma, Lula, FHC e outros menos expressivos futuros aliados.

Acabei de ser eleito vice-síndico do condomínio. Foi fruto de muita negociação. Coliguei com o meu maior inimigo – aquele do apartamento debaixo que dorme com a televisão ligada no maior volume – só para neutralizá-lo. Prometi uma vaga na portaria para o sobrinho do amigo dele.

E o síndico que se cuide. Já armei com sessenta por cento dos conselheiros fiscais e deliberativos. Daqui a três meses vamos providenciar umas notas superfaturadas de compra de minuterias para o prédio e vamos responsabilizá-lo por isso. Também vamos desligar a bomba da caixa d’água todas as quintas e sextas, de forma que os moradores fiquem no seco justo nos dias de limpeza. A culpa será atribuída ao síndico.

Paralelamente preparo as propostas da campanha para vereador. O primeiro ponto: vou propor mudar Londrina para Guaratuba. Assim teremos praia e ficaremos mais perto de Curitiba, que é capital, e deixaremos de ser chamados de povo do interior pelo pessoal de jornalismo da RPC TV.

Ah, sim! Vou acabar com as diferenças entre as diversas regiões da cidade. Antes era a linha de trem. Quem morava abaixo era pobre. Agora persiste essa discriminação contra as zonas leste e norte. Vai ser assim: mando confeccionar placas indicando as regiões da cidade. A cada duas semanas essas placas mudam de região. A da zona sul vai para o norte e a da zona leste para a oeste. Um rodígio bem feito vai acabar com esse preconceito.

E quanto ao trânsito, nada de carros sem IPI reduzido circulando pelas ruas. Como serei correligionária da Dilma e amigo do Mantega, além de confidente do governador do Estado na espinhosa duplicação da PR-445, só anda de carro em Londrina e na região quem comprou o seu na promoção e financiado pela Caixa em dias que o sistema do banco não estava fora de ar. Sortudos, esses caras! Essa medida vai reduzir o número de veículos e de barbeiros no trânsito. E me desculpem os antigos cortadores de cabelos. A partir da minha gestão todos terão carteirinhas de cabeleireiros.

Tem mais: cada família moradora de barraco vai ter três geladeiras, quatro fogões e cinco aparelhos de TV plasma em casa. Tudo financiado. Desemprego vai ser palavra fora do dicionário. Todo informal que estiver vendendo CD pirata vai receber uma declaração de Micro Empreendedor Individual assinada pelo secretário da Fazenda do nosso Estado.

Estas propostas são para quando eu for vereador. Imagine o que vou fazer quando estiver no Congresso Nacional? Se bem que já tenho uma: aquelas conchas sobre o Congresso, uma de boca para cima e outra para baixo, vou transformá-las em fontes luminosas. Tentem enxergar: água subindo num fio de jato forte da concha com a boca para cima e descendo colorida sobre a concha com a boca para baixo. É chuva luminosa sobre a Brasília que JK jamais imaginou que se transformaria nisso que é hoje.

E para coordenar as maldades nos bastidores? Quem? Já sei. Vou contratar como assessor um autor de novelas da Globo. Vai sair caro. Mas o povo paga, né?


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