quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Crônica - Bem-vinda!


Noites iguais! Eis o fenômeno que eu não percebo mas sei que está para acontecer. O equinócio é justamente isso: dia e noite com a mesma duração. Ele me traz a primavera austral no sábado, 22 de setembro. Data e presença marcantes. Sábado é o dia do fôlego, vinte e dois são dois patinhos e a primavera é muito mais do que flores.

Não a receberei com festa. Procedimentos esfuziantes soam falsos tanto quanto as solenidades e os cerimoniais. A vinda da estação das cores e do perfume da natureza merece atitudes que independem de discursos e pronunciamentos decorados. É, além da fala franca, a oportunidade de exercer a alegria de um jeito consciente, maduro, honesto e ético.

Vou apenas abrir o peito para as verdades que são minhas e aquelas que não me pertencem, mas preciso delas para viver. A primavera, este ano, me dá a oportunidade de praticar uma parte da democracia, o voto.
Mas londrinense, acabo de tomar conhecimento que o prefeito da minha cidade foi preso e renunciou. Isso acontece semanas após o outro prefeito ser cassado. As chuvas que caíram ontem, uma quarta-feira que amanheceu quente, mas com vento de praia, sei que lavou a poeira do asfalto. Os campos, porém, exigem mais água para que a couve cresça, os porquinhos engordem, os bois ganhem substância e os pecuaristas e demais produtores enriqueçam cada vez mais.

Tudo é culpa da política. Aliás, da politicagem besta que distorce o conceito de política. Já imaginei um vereadorzinho qualquer mandando ofício à mãe natureza para que ela seja maneira. Se torno essa fantasia público, receio que algum político leve a sério e faça isso mesmo. Ou melhor, o ofício será enviado a São pedro.

O texto é assim por causa da primavera. Uma mistura que parece dificultar um desfecho. Boi, porcos, couve, flores, democracia, cassação de prefeito, prisão de bandido e renúncia não deveriam ter vínculo a uma estação do ano tão promissora e poética.

Quantas músicas chegaram ao sucesso explorando a beleza? Pois a primavera é, além de tudo, inspiração e esperança. Aqui é que entra a ligação: esperança. Assim eu espero. Espero que a tecla verde que eu apertar nesta primavera seja justa e consciente, mesmo que o meu voto seja anulado. Espero poder exercer a minha cidadania apontando o meu indicador na cara de quem não merece representar o povo da minha cidade. Espero falar mais, usar mais dos meus direitos, recusar redução do IPI e exigir a correta mais valia para a força do meu trabalho. Espero ir. Quero deixar de ficar parado. Aguardem e verão. Porque não sou cotista e nem beneficiário. Sou cidadão.



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