terça-feira, 18 de setembro de 2012

Artigo - O herói chafurda

            Nossos heróis derretem na lama porque são de barro. Um dos últimos deles foi empurrado nesta segunda-feira, 17 de setembro de 2012, para a beira do mangue. O relatório lido pelo ministro Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal foi mais do que uma sentença de condenação: o governo Lula comprou apoio parlamentar do PP, PMDB, PTB e PR (antes PL) para aprovar projetos de seu interesse.

            Lula, o herói de milhões de brasileiros e o “deus” da ministra da Cultura, Marta Suplicy, não é réu nesse julgamento. Mas embora esteja excluído desse processo por entendimento do ministério público no passado, passa a ser refém de uma circunstância em que a ética e a moral são frágeis. Seu ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, é acusado de ser o chefe de uma quadrilha que desviou só no pagamento dos parlamentares cerca de R$ 55 milhões dos cofres públicos federais.

            Nosso herói se defendeu no passado. Disse te sido traído, pois não sabia de nada. O empresário Marcos Valério, mineiro que já no seu estado de origem se envolveu em denúncia de acerto para subtrair e ajudar político a roubar, funcionaria também no mensalão como o meio de acesso dos agentes públicos ao dinheiro indevido.

Dono de uma agência de publicidade, Valério cobrou por campanhas institucionais do governo federal que nunca foram produzidas, exibidas e impressas, porque a finalidade nem essa era. O valor foi para o pagamento de propinas. Nesta terça, 18 de setembro, são repercutidos teor de reportagem em revista de circulação nacional com suposta gravação de Valério afirmando que Lula era quem mandava no esquema da compra de apoio dos parlamentares. Enfim, quem era o rei e quem era o bobo da corte do esquema de corrupção?

            No desenrolar dos acontecimentos cogita-se a representação contra o ex-presidente. Pena que a iniciativa demonstrada até agora seja de partidos da oposição. Estes, também combalidos no mar de uma ou outra denúncia, só sabem protagonizar brigas políticas que não levam a nada. A sociedade organizada é que deve atentar para esta possibilidade aberta pelo relator Joaquim Barbosa, do STF, para representar contra o ídolo de barro. Mesmo que ele seja “deus” para uma ministra e milhões de brasileiros.

            Cá em Londrina, infelizmente, um problema deve ser considerado: longe das salas condicionadas do Supremo a repercussão do mensalão pouca diferença faz na hora do eleitor escolher entre os seus candidatos o próximo prefeito da cidade. Se houvesse uma análise por coligação e por partidos que disputam as eleições municipais de 7 de outubro, das seis que estão concorrendo três mereceriam o repúdio por terem ligação com mais este grande escândalo nacional.


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