sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Crônica - As luzes de agora

Clareza! Fuço as ferramentas de busca da internet e acesso: há 131 anos fez-se a luz numa noite do dia 10 de agosto, no Parque de Exposições da 1ª Feira Internacional de Eletricidade, em Paris, França. Corria o ano de 1881, dois após Thomas Edison ter inventado a lâmpada elétrica incandescente, em 1879. O que aconteceu naquele momento e naquela data foi o acendimento simultâneo de milhares de lâmpadas. Pela primeira vez. E a noite virou dia.

Surpresa denunciada nos rostos das pessoas presentes. Encantamento e exclamações: “Ô! Há! Ui! Oui! Beauté! Cruz credo! Vixe! Pai todo poderoso! PQP!” Enfim reações diversas: “Chuta na minha canela para ver se é verdade!” Claro, dito em francês e com jeito de francês falar.

E nem se cogitava achar a luz do fim do túnel naquela tempo aqui no Brasil. Pois Delfin Neto não era ministro da Fazenda. Guido Mantega nem espermatozóide era. Lula veio muito depois e Fernando Henrique Cardoso ainda não se olhava no espelho para conversar consigo mesmo. Mensalão? O pessoal daquele tempo nem idéia tinha do que era isso.

Coligação partidária? Alguns pensadores polícos da época até pensavam na possibilidade. Mas de um outro jeito e com outro nome. Afinal de contas, a ideologia do passado era tão prática quanto discurso. Ao contrário de agora: teoria ignorada, prática escandalosa.

Assim se imagina que a luz daquele tempo servia para clarear. De pequeno a grande ambientes. Aliás, as luzes do parque de exposições de Paris flagraram namorados com as mãos em locais indevidos. Sim, naquele tempo já se namorava tanto quanto agora, embora os figurinos épicos, conforme vemos nos filmes, dificultassem muito os acessos. Era uma trabalheira chegar lá!

Supõe-se que clareando os ambientes as luzes de Paris também iluminavam circunstâncias. Ou seja, na claridade nada de exageros e ninguém mete a mão no que é alheio. Políticos, por exemplo, podiam se mirar olho no olho. E quem não tivesse como encarar desse modo quem estava diante de si fatalmente fugia da luz. Escondia-se nos cantos escuros para maquinar maldades e planejar trapaças e traições.

Diferente de agora. Hoje usam os bastidores iluminados para corromper, usufruir, tapear, desfalcar, apropriar e enriquecer ilicitamente. Grandes bandidos usam hoje em dia a claridade para negociar desvios, contar seus dólares, assinar projetos de obras que nunca são executados e enfins, tanto quanto os afins. Grandes bandidos, hoje em dia, fogem do escuro. Pois temem traições de outros bandidos que usam os cantos obscuros para chantagear e se preciso trair.

A luz de outrara era pura! Era claridade em todos os sentidos. A luz de agora não recua os maldosos. Culpa da luz? Absolutamente. Culpa do homem.


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