quinta-feira, 14 de junho de 2012

Minicrônica - Tempo que vai

Forte neblina e sol envergonhado a vinte minutos da hora de ir. Só um raio de luz abre fresta e desembaça o salmão da parede do prédio a dezenove minutos da hora de chegar. Frio nem tanto faz se a pressa é tanta. Café se engole devagar mas não há tempo. Dezoito, dezessete, dezesseis, quinze e quatorze. Ponteiros desaforados correm quando deviam molejar. Escova nos cabelos e pasta nos dentes. Treze, doze, onze, dez e nove. Todo número ímpar é seguro. Nunca acredite nos pares. Relógios são traiçoeiros. Encurtam os minutos e eliminam os segundos. Oito, sete, seis e cinco. Fosse seguro correria. E para que? O agora é o instante que importa. O resto ficou para trás. Quatro, três, dois e um. Já é atraso. Então o melhor é ficar. Forte vergonha do sol escondido atrás da neblina. E nem se enxerga mais a cor do prédio salmão. Menos um, menos dois, menos três, menos quatro, menos cinco e assim vai. Como justificar o tempo que se perdeu?

   

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