Desatou o nó da gravata num puxão. Fosse camisa velha e lá se iam os botões. Cadarços e meias sociais foram desprezados num canto. E as calças de vinco ganharam o encosto da cadeira.
Se disfarçou de menino: bermudão, camiseta sem grife e um par de tênis manchado da poeira de tempos atrás fizeram as rugas encolherem. As franjas escoradas por gel desceram, livres da goma, sobre a testa.
Pensou fazer travessuras. Pular, gritar, xingar, cantar, assobiar, abusar, incomodar? Nenhuma coragem para ousar! Então montou um avião de papel e soltou pela janela do décimo quinto andar.
E se deu por satisfeito. Havia passado o tempo de correr atrás do brinquedo descendo escadas e atrapalhando o trânsito. Foi assistir tevê e esperar o amanhã para fechar os botões da camisa, acertar os laços dos cadarços, fazer o nó da gravata e engrossar os cabelos com gel.
E as rugas voltaram.
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