terça-feira, 19 de junho de 2012

Crônica - Manchetes às vezes escoram interesses

Leu com desdém a manchete do jornal: “PT faz aliança com Maluf; Erundina ameaça boicote”. Feito estátua na frente da banca de revistas, não reagiu como era de costume. Apenas se perguntou: “Quem é Maluf? O que é PT? Que importância tem essa tal de Erundina na ordem do dia?”

E nem teve valia a foto que ilustrava a manchete a escancarar três personagens e esclarecida com a legenda: “Lula cumprimenta Maluf na casa do ex-prefeito, que exigiu a presença do ex-presidente para anunciar o apoio a Haddad”. Novamente se perguntou: “Quem é Lula? O que significa Haddad?”

Jornais às vezes tem serventia. Num dia de chuva branda servem para proteger a cabeça. No passado embrulhavam raízes de mandioca que eram vendidas nas quitandas em casca. Hoje jornais servem eventualmente para embrulhar as sujeiras dos gatos e as porcarias dos cães. No chão as fezes incomodam. Podem ser pisadas por solas de calçados novos que emporcalham por onde se vai. Nos jornais as fezes são embrulhadas.

Imaginou-se eleitor. Nunca leitor. Mas sem ânimo e nenhuma vontade. Como se votar fosse obrigação. E concluiu que a escolha é difícil. Que um menos um é sempre igual a nada. Que políticos, partidos, jornais e outros interessados são iguais na soma e na subtração. E tanto faz. Então chova mais forte e os cabelos fiquem molhados. Jornal não serve para se esconder da chuva.


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