quarta-feira, 20 de junho de 2012

Um conto meio besta - A vida é assim e assado

Objeto direto! Bastava apertar um botão e a coisa funcionava. Nem carecia regular volume, intensidade, contraste, altura ou qualquer outra coisa que exigia jeringonça de alavanca, tecla, manivela ou o escambau.
Péssimo na gramática ele realmente improvisou de acordo com o seu jeito. O objeto indireto, por exemplo, era o carro do irmão que ele tinha que negociar para pegar emprestado.

Além de devolver gasolina o acordo previa lavagem com limpeza interna. E não fumar, não carregar gente esquisita, não furar sinal vermelho, não levar multa, não estacionar em porta de bar suspeito, não ligar o som com o carro parado e assim vai. Um listão!

Nem sempre o pretérito era perfeito. Às vezes a negociação ficava no verbo. Aliás, na maioria das tentativas o projeto morria na garagem.

Objeto indireto! Foi assim também com a vizinha, uma moça jeitosa. Ela não chegava a uma Luiza Brunet. Mas estava muito além de uma Luiza Erundina. Pretérito imperfeito. A menina tinha olhos para outros candidatos. E assim desistiu ele de investir. Sem tentar regular volume, intensidade, contraste, brilho, altura ou o que valha.

Sujeito prático e objetivo. Ou vai ou racha! Nada de meio termo. Do tipo quem sai na chuva tem que se molhar. Decidido e rápido, quando comprou carro próprio teve que fazer o motor. Casou com uma ex-colega de trabalho de cor, altura, peso definidos: loira, um metro e setenta, setenta e nove quilos. Feia que doía. Partiu do princípio que jamais seria um corno. Três anos depois ela o deixou. Trocou ele por uma segurança do supermercado próximo.

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