quinta-feira, 22 de março de 2012

Opinião - A vida se faz vencendo desafios

Cá estamos diante de mais um rio para ser atravessado a braçadas. Sabemos nadar, mas duvidamos ter fôlego. A margem oposta parece distante. Um palestrista de auto estima inventaria estória. Sim, estória, porque ele faz da ficção a sua ferramenta de trabalho para levantar platéias com palavras de ordem. E se descobre que o fulano está na pindaíba. Pior: que o fulano não consegue caminhar dez metros por estar arcado com o peso de problemas pessoais que não consegue resolver.

Valorizado por empresas que querem fazer de conta, estes profissionais – ou não? – cobram cachês consideráveis para falar bobagens. E há colaborador que acredita. Perceberam? Colaborador! É outro termo usado para tapear desavisados. Escravo, de repente, é chamado de colaborador...

Voltemos ao tema base. O termo estória nem faz parte da norma culta da língua portuguesa. Mas foi usado no passado para clarear definições: estória é continho de fada; história é fato. Assim diziam os professores dos bons tempos do curso primário.

Certa vez participei de um evento de auto estima como funcionário de uma empresa de comunicação. Numa tarde de sábado vestimos uma camiseta com a foto do patrão na frente e a frase: “Viva o patrão!”

E o palestrista foi hilárico. Começou dizendo que mergulhou na piscina e lá embaixo abriu os olhos. Enxergou a borda lá distante e se determinou: vou chegar sem ter que ir a tona para respirar. E deu braçadas vigorosas até atingir o outro lado. Para falar essa baboseira ele levou da empresa em que eu trabalhava pelo menos cinco mil pratas, além de viagem, estadia e refeições pagas. Assim até eu nadaria de uma borda a outra sem respirar. E de quebra usando somente um braço, porque a outra mão estararia segurando acima da água um cigarro aceso.

O cotidiano é de surpresas. Às vezes nos planejamos após refazer as contas meia dúzia de vezes e algo nos pega no solado do pé, como uma alavanca que nos joga lá longe. E a necessidade de replanejar exige apenas um respiro para colocar o cérebro no lugar. Nenhum palestrista de auto estima estará ao seu lado para sugerir que caia na água e alcance a outra borda sem respirar. Afinal de contas a gente atravessa fogueiras pisando em brasa quase que diariamente.

Claro, acontecimentos adversos nos colocam no chão. Causa revolta, cria dúvidas, gera questionamentos. Do tipo: “Por que?” E é justamente este estado consequente que nos dá força para levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Assim empreendemos esforços contínuos. Lutamos e vamos colhendo pequenas vitórias, às vezes diante de desacertos gritantes. Nunca se conformar, eis a receita. Sentar encostado na parede e esperar por milagre divino é rebaixar-se ao desânimo. O certo é dialogar, inclusive com o seu santo devoto, o que significa consigo mesmo. A reflexão faz bem.

E assim vamos tocando em frente. Todas as cenas que protagonizamos são lições. E entre um livro de auto estima e a vontade nossa de ir prefira esta segunda. É o caminho, tenha absoluta certeza.

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