segunda-feira, 26 de março de 2012

Crônica - Nenhuma das opções é interessante

Tenho dúvidas da idade mental desta menina de quase trinta e rosto de criança. Na verdade ela sempre se apresenta como alguém de quinze. Ou menos. Nem os atributos físicos dão maioridade a ela. O bumbum se ajeita saliente e durinho numa calça apertada, mas o que ela diz derruba o atrativo. E aquilo se transforma numa pelanca.

Os decotes mostram partes dos seios de vez em quando e se olham para o que aparece até quando ela se mantém quieta. Ao abrir a boca a menina esconde aquilo que chama a atenção sem se dar ao trabalho de reduzir o campo visual. E daí ela pode por tudo a mostra. Nada será notado.

Estranho isso. Ponho-me a perguntar: é o rosto excessivamente jovem que abate o desejo? Se assim fosse, jamais os homens se gabariam de terem mulheres de quarenta e poucos com corpinhos de balzaquianas mesmo que moldados em academias, dietas rigorosas e cirurgiões plásticos.

E eu mesmo corrijo a rota. Sempre concluo que o problema está na cabeça. Imagino, assim, meio que para subsidiar uma espécie de conformismo: uma mulher de cinqüenta com corpinho de quarenta e idéias avassaladoras e centradas cai muito bem. O perfil seria de alguém que fala porque sabe o que falar. Manjaram?

De um jeito simplista, seria a mulher que não joga conversa fora. Jamais ela teria a característica de uma Amélia, encostada na parede e esperando o destino dar um jeito nas rugas, nos cabelos desalinhados, nas pelancas dos braços e da barriga. Ela seria a outra, inteligente e sutil a ponto de usar sua sensibilidade como arma poderosa apesar de estar alguns quilinhos acima.

Visualizem! Estamos falando de alguns quilinhos a mais, porque até nos cuidados com o seu aspecto físico a mulher inteligente é criteriosa: não se mata de malhar e nem passa fome; não acredita em milagre cirúrgicos que esticam os olhos até as orelhas. Elas são naturais em tudo. Auto suficientes e seguras, controlam situações e dominam. Quando acometidas de alguma dose de maldade, são capazes de fazer com uma única ordem os caras limparem suas sandálias.

Estou mentindo? Tem muito marmanjo que posa de autoridade e faz isso cotidianamente. E de tão acostumados a se submeter já nem percebem quando cedem até o extremo. Você! Você mesmo, barbado! Já passou aquele monte de roupa que a sua mulher pediu para alisar durante a sua folga semanal? Aposto que não só cumpriu a ordem. Até já guardou todas as peças no armário e bem do jeito que ela recomenda.

Feito isso, ela foi ao salão de beleza mandar o cabeleireiro fazer escova. E você aproveita a ausência dela em casa e trate de varrer a calçada. Aquilo está um lixo só. Vai lá machão e se apresse. Ela vai voltar com as unhas feitas e quem é que vai abrir o portão da caragem com toda aquela porcaria emperrando a roldana? Você!

Assim eu provo. Aquela mulher de trinta com cara de menina de quinze e cabeça de adolescente de doze? Deixa ela conversar com outras crianças na internet. Aliás, a cinquentona que eu tenho lá em casa eu penso que a manipulo, mas ela se sai com aquele sorriso de ironia e me deixa lavando os pratos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PARTICIPE: