Sujeira na janela
Li no vidro da janela que hoje ela não virá. É um escrito velho, feito com a ponta do dedo na superfície embassada. Ficou ali por falta de pano para limpar. Ou por receio de eliminar uma expectativa que deixou de vingar.
Contemplação e reflexão
Uma andorinha bateu hoje cedo na janela do sexto andar. Esclareço: mão foi um choque frontal no vidro. Foi uma visita igual a outras que ela me faz todos os dias. Retribuo com farelos de pão sem saber se é a dieta certa para um ser tão inofensivo. É a compensação pelos minutos de contemplação que o passarinho me proporciona. Da cena extraio outros minutos que uso para as reflexões sobre a minha ausência na casa das pessoas que eu bem quero. Há tempos não visito minhas irmãs.
Minha consciência
Acendi mais um cigarro. O de antes seria o último. O imediatamente anterior era para dar um basta nesse estranho jeito de passar o tempo com um treco aceso entre os dedos fedendo para os que passam perto. Só digo que o próximo será o último para ter a impressão de estar correto comigo. O que os radicais do combate ao fumo dizem só estimula a vontade de fumar cada vez mais.
Para mim mesmo
Promessa feita. Vou parar de fumar o quanto mais rápido desde que ninguém me aborreça com extremos sobre o mal de ser fumante.
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