terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Crônica - O meu porteiro soltou três bombinhas

Digamos que eles tenham razão: quanto mais fogos de artifício forem queimados na virada do ano mais coisas boas acontecerão nos 12 meses pela frente. Eu, particularmente, nem em estalo de salão coloquei dinheiro. Primeiro porque o barulho é pouco. E, depois, pelo fato dessa bombinha nem medo causar na hora de colocá-la em funcionamento.

Sei disso e muito bem. Na última festa junina acendi um traque lá de cima do sexta andar e mandei no meio da rua. Na hora passou um cara com um Fiat Uno. Com aquele ronco esganiçado, parecido com o motor de uma lambreta. Só vi a faísca do meu traque. Nem sinal do barulho.

Não fosse as testemunhas eu fecharia a janela e colocaria um ponto final. Mas aquele chato do vizinho foi sarcástico: “Jogou um palito de fósforo aceso lá embaixo?” E a mulher dele, gorda das bochechas brilhando, completou: “O vizinho devia ter comprado umas bombinhas...”

Pois é. Quando Londrina inteira resolveu queimar fogos aos primeiros minutos do 1º de janeiro, quanto barulho e que brilho! Voltei à janela do sexto andar e vi o porteiro do meu condomínio correndo para a rua. Será o que aconteceu com o sujeito? É daqueles que tem medo de bombinhas?

Que nada. O porteiro saiu para participar da festa. Acendeu uma bombinha e o estouro foi até interessante. Deu um tempo e acendeu outra: fenomenal. E depois de alguns segundos o danado acendeu e atirou para longe a terceira bomba: legal. Foram três bombinhas apenas, mas tenho certeza que ele as estourou satisfeito. Fez a parte dele, deixou de ser um personagem passivo feito eu, só olhando lá de cima. Aliás, o porteiro foi a única pessoa do condomínio de 28 famílias a saudar a passagem de ano com bombas.

Os estouros e a barulheira duraram quase meia hora. Foi quando o pessoal do condomínio luxuoso de duas ruas abaixo cumpriu a sua tradição: detonou uma bateria completa de fogos com luzes coloridas, estrondos, fumaça e muito tempo de duração.

Isso aconteceu do lado oposto da minha janela onde não vejo nada. Só escutei e percebi os reflexos dos fogos explodindo. Por isso as três bombinhas do meu porteiro foram muito mais interessantes. 

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