segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Opinião - Um lance de otimismo pouco exagerado

A luz do fim do túnel é opaca. Clareia, mas não o suficiente. Por outro lado mantém-se acesa, qualquer que seja o vento que bata na chama. É provável que se fosse flamejante sofreria o impacto e mais que perder a força, sucumbiria.

É permanente por ser sóbria, assim diríamos. É sóbria porque desvia da euforia e segue o percurso do palpável, no chão firme e seguro, e leva até onde se é possível chegar.

Conversei recentemente com o economista sênior do Banco Mundial, Álvaro Manoel. Há 11 anos ele está em Washington, onde por nove integrou equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e há dois faz parte do Departamento de Política Econômica e Dívida Pública do Banco Mundial. Álvaro é de Cambé e foi professor de Economia da Universidade Estadual de Londrina.

Entre conversa de bastidor e o estúdio de gravação de uma emissora, para entrevistá-lo, trocamos idéias sobre a crise mundial que é por enquanto mais sentida lá fora, mas cujos efeitos enfrentamos no dia-a-dia, mesmo achando que estamos fora da linha de risco.

Nesse contato aproveitei a característica do entrevistado: Álvaro Manoel, que a serviço do FMI no passado e agora do Banco Mundial viaja por todo planeta, é um especialista, mas fala a língua de um cidadão que não precisa ser economista para compreender questões relacionadas à economia.

Por isso a conversa flui e aperfeiçoa-se espontaneamente, sem haver necessidade de forçar a barra. Claro, Álvaro Manoel é otimista, mas mantém a preocupação preventiva em relação aos tormentos que as dificuldades econômicas podem provocar num país.

Mas sem exageros. A preocupação preventiva é, em primeira escala, uma necessidade. Desse etapa parte-se para um plano de enfrentamento que é papel do governo. Da mesma forma, no nível das pessoas comuns, deve haver uma recomendação de cuidados, pois não temos como prever se os efeitos da crise mundial virão como um vento mais forte ou como um tufão.

No momento sentimos: a alta quase diária nos produtos básicos de supermercado, por exemplo, não são explicados nem pelos economistas brasileiros e muito menos pelas autoridades. O que temos são números oficiais que apresentam pequenas alterações. Os índices, aliás, parecem ser de outra realidade que não é a nossa. E não percebemos no governo qualquer plano de enfrentamento de situações adversas. O barco vai e a sensação que temos é de irmos à deriva.

Vi semana passada a posição da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo sobre a crise mundial. A entidade fala em risco de demissão. Isso é preocupante. Infelizmente estamos nas vésperas do Natal. E o consolo que nos resta é de afirmar, com convicção, que a luz se mantém acesa e teremos que ter força para, em primeiro momento, mantê-la no iluminando, e depois para tornar a sua claridade suficiente aos nossos projetos.

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