segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Crônica - Os preparativos dos tempos de agora

Não quero bagunça em casa nem no Natal e nem no Ano Novo. Se algum parente convidar para almoçar fora a gente vai. Mas esqueçam aquelas insinuações do tipo, o seu apartamento é maior do que o nosso. Nada disso. Tudo bem, nesse caso a gente encomenda uma carne assada e leva.

Que reuniãozinha de colegas você está falando? Aqui em casa? Está lesa, menina? Onde? Não inventa moda. Veja com o seu pai se ele empresta de graça uma salinha lá da associação de funcionários. E não me diga que estou de má vontade. O regimento interno e o estatuto do condomínio está muito claro: nada de bagunça depois das dez da noite.

Depois imagina eu aqui tocando pra fora os seus coleguinhas às onze da noite com o síndico de plantão lá embaixo pronto para dar uma bronca. Nem pensar. Tudo bem, se o seu pai conseguir o local eu compro uns refrigerantes e encomendo um bolo. O que? Cerveja? E quem autorizou você a tomar cerveja fora de casa? 

Seu pai disse que pode? Se disse, não teve o meu consentimento e aqui se ele autorizou e eu não sei fica tudo na estaca zero. No máximo um espumantezinho bem fraco, mas isso a gente ainda vai conversar em família.

E quem foi que agendou esta novena de Natal aqui em casa? Não estou sabendo de nada. Agora vocês mandam e desmandam na casa? Eu falei que participava, mas não aqui em casa. Sei como é. Chega um e quer água. Outro pede pra ir ao banheiro e não dá descarga. E o piso fica todo riscado e sujo. Vocês vão limpar pra mim depois? Então dispensa. Digam que vamos viajar bem no dia da novena.

Escuta aqui, ô querido. Ligou o cara do sacolão dizendo que entrega na quinta a carne que você encomendou para o Natal. E eu fiz questão de perguntar: já vem assadinha, né? O cara riu na minha cara e disse que tem todos os ingredientes lá. Você está pensando, por acaso, que eu vou temperar carne e assar? Está doido, é?

Quem colocou isso na sua cabeça? O papa? Está pensando que eu vou passar a manhã do Natal temperando e assando carne? Ah, você faz isso. E quem é que vai fazer a limpeza do forno e da louça depois? O fantasminha camarada? Pode cancelar. Se não puder doa a carne crua que comprou pra entidade lá da rua de baixo. Eu não quero e está decidido. Assunto encerrado.

Está bem. Precisamos seguir a tradição. Você sugere uma árvore de Natal onde? Em cima da televisão? Ao lado do vaso sanitário? Na tampa da máquina de lavar roupa? Ah, estou entendendo. Quer que eu faça como sua mãe fazia: corre atrás de um galho de árvore, pinta o tronco de alumínio, bota uns chumaços de algodão sobre as folhas para imitar neve e pendura um monte de bolas coloridas. Ai pirou de vez. Se quer enfeite de Natal passa lá no bazar e compra uma guirlanda pequena pra pendurar na porta e pronto. Aqui dentro de casa não quero luzinha acendendo e apagando. Pode jogar a sua idéia fora.

O que mais precisamos decidir para o Natal e o Ano Novo? Lembrei. Então liga para a sua irmã e veja se a gente pode almoçar lá no Natal e telefona ainda está semana para o seu irmão para ver se ele não vai viajar no Ano Novo. Nos dois casos eu levo a carne assada, a maionese e o pudim, pois isso eu compro pronto no supermercado.

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