quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Crônica - Em papo de futebol tem que ser doutor

Arroz, feijão, batatinha, bife e futebol. A bola das vez é o Corinthians. E eu, falso torcedor de um time decadente, nem sei mais qual é a cor da sua camisa. Era verde, agora sei lá qual tonalidade colocaram no caldeirão da tinturaria.

O almoço é na base do prato feito. Comida para ser engolida, no máximo, em 15 minutos. Nada a ver com economia. É que o restaurante é pequeno e se o trabalhador demora na mesa chegam outros e ficam rodeando. Às vezes lançam um olhar intimador do tipo: “Tu não se toca não?”

Por isso mesmo é que nesta quinta-feira, dia 17 de novembro de 2011, como apressado e obrigado. Obrigado sem relação com agradecimento. Obrigado a saber que o Corinthians agora é líder do Campeonato Brasileiro com 64 pontos e para conquistar o penta pode até empatar uma das três últimas partidas.

E tenho detalhes: só pode empatar se o Vasco tropeçar lá na frente. Em outro ambiente eu participaria da conversa usando ironia: “E se tropeçar lá na frente perde a chuteira na grande área adversária? Não dá para marcar descalço?”

Fico quieto. Silêncio, porque este assunto o senhor não domina. Conformo-me, porém, pois posso não ter conhecimento de classificação, tabela, desempenho de jogador, erro do juiz e reação da torcida. Justo, eu não assisti o jogo do Corinthians. “Quanto mesmo foi o resultado? Um a zero? E o Corinthians ganhou? Que bom... contra quem mesmo foi o jogo? Ah, Ceará...”

Nessa tentativa de me enturmar a minha batatinha escapou do garfo. Tão dura que estava, pulou do prato e rolou por três mesas. Disfarço e vejo que na queda esbarrou na barra do jeans da mulher do lado e deixou uma mancha de óleo.

Sorte que saio do constrangimento da batata com um assunto mais familiar: Flamengo! É que li de manhã que o clube comemora aniversário neste 17 de novembro. Pelo menos isso eu sei e posso participar com segurança da conversa: 

“Pois é, o time presidido pela Patrícia Amorin comemora aniversário de 116 anos em crise financeira. Nem o contrato com o Ronaldinho está certo. É um time histórico. Surgiu em 1895 com as cores azul e ouro. Só depois mudou para o vermelho e preto. E começou só com o remo. Por isso se chama Clube de Regatas do Flamengo. Futebol ali só foi iniciado em 1912. O primeiro jogo, no campo do América, foi de goleada: dezesseis a dois sobre Mangueira em jogo apitado por Belfort Duarte...”

A essa altura o bife já estava crocante de tão seco e seboso. A última batatinha do prato nem deu para o gosto, porque foi misturado ao arroz puro. É que o feijão veio uma mixaria e dele nem mancha restou. E eu contando a história do Flamengo. Para ninguém...

Pois após criarem certa expectativa em torno da partida da noite, pela Libertadores, concluíram que o Figueirense ganharia e deixaria o Flamengo no chinelo. E foram embora, palitando os dentes. Que desaforo!

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