quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Crônica - Duas palavras para reforçar o amor

Quem dera fosse eu um poeta desses que mancham com a essência da alma a folha de papel. Imagino que teria como mudar a curva do rio para este lado, à direita do grande arbusto que daqui o vemos longe, para que sua sombra fosse possível às nossas intenções.

Tornaria a água cristalina e cataria pedras toscas do leito, fazendo delas jóias preciosas a ornamentar o seu jardim. Buscaria os pássaros e construiria rimas com os seus cantos. Pintaria a velha casa de madeira da cor dos seus cabelos. Enfeitaria o seu pomar com frutas suficientes ao nosso deleite.

Mais adiante usaria as palavras para traçar um caminho de terra ladeado de flores e grama. Dispensaria a métrica. Seria um poema concreto com versos que falam e não se declamam.

E as flores seriam o seu perfume. As folhas reservariam orvalho para a sua sede. A mancha verde da vegetação rasteira serviria como lençol. E a minha alma traçada no papel seria o sinal do meu inegável apreço, como se nele apenas eu houvesse escrito: quero você.

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