segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônica - As palavras iludem se o tom abranda

Então você disse um oi e eu entendi proximidade. Diferente do bom dia costumeiro e formal. Ou do boa tarde enfadonho, quase obrigação. Quisera se houvesse ainda uma boa noite. Ainda que longe da informalidade significaria que em pelo menos três períodos de um ciclo de dia, noite e madrugada eu teria tido a oportunidade de te ouvir.

Sim, só ouvir. Não pretendo mais que isso. Uso a sua voz para abrir a porta da alma, esta que emperra sob o efeito de uma ferrugem que me faz quieto e acomodado diante das coisas que nos rodeiam.

“Vê se você se cuida, tá bom?” É o que diz quando nos despedimos cedo, tarde ou noite. Por que você me diria isso? Seria um conselho para equilibrar minhas extravagâncias? Com o que? Até este ponto exagero apenas na necessidade de te ouvir. Por isso cobro mais. Quero ouvir você dizendo: “Almoce certinho. Não coma bobagens...”

E penso que nem o almoço saciaria a fome que tenho de ouvir e interpretar o tom que você dá as palavras. E se eu fosse por um caminho sem sombras e ouvisse você dizer: “Vá pela sombra...”

Foge-me, na sem sensatez, a capacidade de qualquer interpretação. Mas confesso: soaria tão comum... Talvez isso me leve a ser insensato, o que daria na conclusão que você me quer bem e pede-me para ter cuidado com as coisas que dizem respeito a nós dois.

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