sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Conto - Jogo de placar carimbado

A bola é minha, mando eu no jogo. Tira lá aquelas pedras e bota um tijolão. Marca bem com ele o travessão direito... Conta os passos, é pé por pé, sai com o calcanhar encostado no latão e vai no rumo da moita de capim limão. Assim, conta direito pra não dar reclamação.

Monta lá, ô folgado... Igual este aqui, olha o tamanho certo, usa os restos daquela construção, cata lá no canto pedra, tijolinho, pedaço de pau e faz o travessão.

E anda logo, deixa de marcação. A bola é minha, mando eu nos times... Vem cá, ô. Hoje eu não quero o gol. Vou na frente, chuto de direita e se precisar corro pra lá, acerto de esquerda, tanto faz, jogo um bolão. Manda um terrão ali atrás, tapa o buraco, anda com isso ligeiro, acerta o campo, pô... Senão dá azaração.

Corre aqui, ô... Entra pra descer pela esquerda, me passa a bola, não dá uma de artilheiro, a bola é minha, eu chuto e marco, mando eu no ataque e sem zagueiro é que não fico, volto e defendo, avanço e vou pros lados, faço o campo inteiro e nem faço questão.

Espera o segundo tempo, pô... A bola é minha, mando eu no banco. Entra depois no lugar do outro, agora é ele, pra descer pelo meio, mandar pra esquerda, receber de volta e lançar na altura do meu peito que eu marco, bola minha eu conheço, vai direto no canto do travessão.

Tira a camisa ai, ô... A bola é minha, time meu joga vestido, o outro lado entra só de calção. Guarda a chuteira, pô... Aqui ninguém vai dar bicudão. Entra de tênis, evita choramingão. Escora de sola, envia de lado, eu mando de chutão.

Defende ai, pô... Cadê meu zagueirão? A bola é minha, mando eu na substituição. Bota a camisa, entra no lugar do Chicão, senão perdendo não vai ter continuação. A bola é minha, mando eu, ninguém vai aprontar chiação.

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