quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Crônica - Reflexos...

O vidro que protege o mostruário da loja de confecções femininas é um espelho. Ele retrata vaidades, num gesto de acerto dos cabelos alisados, num passo mais lento para mirar-se e admirar-se da silhueta refletida.

Ali naquele espaço a vida só é bela quando a beleza é a forma que aparece sobre o brilho do material que reflete. Esbelta, bela, moderna no jeito de se vestir e de se comportar. Não haveria sentido haver um vidro feito um espelho no mostruário da loja de confecções femininas não fossem elas.

Novas, mais ou menos ou idosas, resolvidas, indecisas ou ajeitadas, magras, acertadas ou exageradas, loiras, morenas ou ruivas, altas, baixas ou equilibradas.

A moda aparece atrás do vidro, no mostruário que expõe o que se usa. Mas todas passam pelo espelho do vidro como se fossem as mais atraentes entre as manequins de plástico enfileiradas no outro lado.

A unanimidade, enfim, é a beleza. Nada haveria se não existisse a vontade de cada uma delas ser bela, mesmo longe das medidas do mostruário. Ah, se não fosse a vaidade para que serviriam os espelhos.

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