domingo, 21 de agosto de 2011

Crônica - Pra onde você me leva

(resgatado de blog desativado)

Confesso. Tenho vivido a fábula. Ontem procurei um caminho e encontrei um desses que leva a qualquer lugar. Antes imaginei seguir errante, nunca adiante, sempre fazendo as esquinas e indo sem norte. Medo de chegar, alguém diria.

Engano. Vejo-me obrigado a ir, mas conspiro contra mim mesmo. É o direito que tenho de sempre voltar, procurando os bolinhos de pão que você deixou num rastro que os pássaros comeram.E como te alcançar, se nada sei sobre a fartura do seu pão e a fome das avezinhas?

É bem isso. Talvez eu não queira te encontrar. Disseram em tom de discurso algo sobre a razão e o coração. Evitei entender. Disfarcei ser um peregrino, dono do asfalto que sobe e declina, quando eu era o personagem perdido no meio da mata procurando as migalhas de pão que você deixou para eu me achar.

E para que? Pergunto com a indisfarçável insegurança de quem, na verdade, quer pedir socorro. Se me perguntam no caminho qual é o meu destino respondo somente que vou indo. Sempre contra o sol, avançando e regredindo. Não saio do lugar. Até que você entenda que espero suas mãos estendidas, me buscando.

Porque eu não sei nem ir nem voltar. Apenas me deixo levar. Talvez eu queira dormir sem ter que caminhar. E acordar debruçado na sua janela, esperando sua porta se abrir. Então eu vou dizer que não quero o seu pão. Quero um pedacinho do seu coração, onde eu possa me abrigar e abafar a solidão. Então deixarei de ser errante.



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