domingo, 15 de agosto de 2010

Crônica - Deixa o menino brincar de PT, tadinho...

A mulher chega com os cabelos amassados. Na verdade, o que se vê na cabeça dela é um acerto, algo de improviso para disfarçar que a soneca de depois do almoço desarranjou o penteado armado. O rapaz chega metido num moletom cheirando a sofá e se espreguiça. O senhor da terceira idade cochila na cadeira de encosto duro.

É bem assim o período que antecede uma assembléia de condomínio agendado para um sábado à tarde. Às quinze e trinta em primeira convocação, com pelo menos dois terços de presença. Às dezesseis horas em segunda e última convocação, com qualquer número de participantes.

Jogam-se conversas fora. E é ai que aparecem as personalidades de cada um dos presentes, Aquele ali concorda com tudo. Se disserem que é bom, ele confirma que é bom. Se disserem que é ruim, ele afirma que é ruim. O outro, daquele canto, é especialista em fazer perguntas idiotas do tipo: se chover molha a telha?

E aquela? A conversa dela varia de reunião para outra. Na última, atacou de cidadã preocupada com a segurança. Com este mote ela contou umas cinco histórias de assaltos e arrombamentos, com o sim ou não daqueles que consentem com tudo e com as perguntas idiotas do fulano: então na loja e levou alguma coisa?

É quando chega o doutor. Pelo que se sabe, ela passou a semana articulando. Vejam que este é um palavrão típico de político e seus assessores. Articulou com o síndico, com o vice-síndico, com os conselheiros deliberativos e fiscais e com aquele que consente com tudo. Conversou rapidamente com o que faz perguntas idiotas.

Ele se considera o especialista em fazer as atas. Trás a cabeça e o final prontos. Deixa o recheio para preencher. Normalmente tenta passar no que escreve as propostas que são favoráveis aos seus interesses. Pelo que se percebe, estudou a cartilha do PT de cabo a rabo, pois é um tipo que depende da vitória de determinados candidatos para se dar bem nos empregos.

Fala alto e em tom impositivo. A maioria se cala e consente. E quando suas proposições são derrubadas, ele manipula na ata. A maioria faz de conta que não percebe. E todos saem da sala de reuniões imaginando que participaram da democracia. Ele sai muito satisfeito. Enganou, lubridiou, impôs e se considera vitorioso. Brincou de político mais uma vez.

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