segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Crônica - Lua e neblina

O amanhecer de Londrina inspirou na manhã desta segunda-feira, 12 de janeiro de 2009. O Sol despertou com preguiça e deixou a Lua Cheia, até às oito horas, aparecer gigante atrás da cabeceira do prédio em frente ao meu. Corri para a outra janela e vi a neblina escondendo a mescla de edificações e verde no lado Oeste da cidade.
Pensei numa foto digital, mas não ousei arredar o pé do lugar. Preferi apenas contemplar o espetáculo que veio como um prenúncio: algo de bom está para acontecer esta semana. São muitas as pretensões. O coração que navega em águas turbulentas, a necessidade de um um bom projeto profissional, o acerto da hipoteca, as viagens de passeio adiadas.
Via abaixo uma moça correndo pela calçada em direção ao ponto de ônibus. Usava um agasalho leve que, provavelmente, escolheu como um paliativo para aquela hora da manhã. Mais adiante, ao longo do dia, ela teria que dispensar a vestimenta e continuar o seu trabalho com a blusa sem manga, de malha fria. Na pressa, aposta que a moça não pode ver a Lua Cheia da manhã de segunda. Ou não teria ela nenhuma inspiração para admirar algo que seria mais apropriado para um momento poético e de saudosismo.
Redonda e prateada, ela venceu as nuvens e se mostrou inteira. Entendi aquilo como um desafio. Por tantas vezes eu a tomei e presentei pessoas do meu apreço. A moça que correu para o ponto de ônibus não quis a Lua Cheia. Eu a quis, mas precavi-me do egoísmo e a deixei quando ela raspou a quina da cobertura do prédio em frente e se foi. Quantas saudades ela me deixou.

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