quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Crônica - Quem paga a conta

Segundo semestre de 1982. Uma cerimônia conjunta no Ginásio de Esportes Moringão entrega os canudos para mais um grupo de novos profissionais formados pela Universidade Estadual de Londrina.
Deixei o serviço às dezoito e quarenta e cinco. Levo quinze minutos para chegar em casa, tomar um banho rápido e me enfiar dentro de uma calça jeans nova e de um paletó. O do casamento, na cor cinza, foi adaptado.
Sou um dos formandos do curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo. Na verdade, dei-me ao sacrifício de participar da cerimônia paa evitar o ritual de formatura na Reitoria.
No momento dos discursos, vejo que valeu a pena. Entre tantas falas, uma me comove: lembra que somos alunos de uma instituição pública de ensino superior e que somos privilegiados, pois tantos tiveram que desistir da universidade. Concordo e choro. Complementa que temos um papel social importante: temos que usar a nossa força de trabalho pela sociedade. Na medida do possível, um dia por mês no vluntariado seria uma forma de agradecer àqueles que pagaram como nós os seus impostos mas não puderam frequentar a universidade.
Final do segundo semestre de 2008: um grupo de estudantes do curso de Medicina da mesma Universidade Estadual de Londrina comemora a formatura em um bar perto do Hospital Universitário. Depois de muitas cervejas, o grupo invade o estabelecimento, alguém solta um rojão no pátio e forma-se a algazarra. Um estudante teria dito que não teria mais que atender certo tipo de paciente.
O meu curso de jornalismo tinha um laboratório precário. O cuso de medicina tem um bom laboratório. O meu curso tinha um quadro de docentes barato. O curso dos estudantes da algazarra tem um corpo docente invejável. Tomara, tomara mesmo... que os estudantes tenham errado e admitam sua culpa. Se não conseguem reconhecer o custo que tiveram para sairem doutores, o que farão dentro de um consultório?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PARTICIPE: