sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Crônica - Desconfiômetro

- Lendo um jornalzinho aí, Fulano?
Em caso de tolerância zero, a resposta seria:
- Não, Beltrano. Estou fazendo de conta. Na verdade, apenas tomo conta do jornal para que nenhum curioso o surrupie.
O mais irônico seria incisivo:
- Como assim Beltrano? Isto aqui não é um jornal. É um DVD. E eu sou um leitor óptico. Estou conferindo as trilhas de gravação.
Pessoas sem desconfiômetro não são raridade. Elas existem e costumam invadir locais restritos em horários impróprios.
Algumas aparecem silenciosamente. Imagine você trabalhando no pau da viola. O sujeito surge do nada e fica ali, te observando, sem falar nada? Você tem a impressão de ser vigiado. Por mais que se esforce, erra no procedimento, atrasa a pegada, se confunde. E o cara ali, encostado, sem abrir a boca, te olhando...
Outras preferem as perguntas imbecis:
- Tomando uma água???
E você lá, com o copo plástico na mão:
- Que nada, estou improvisando um peniquinho.
Há também os que se sentem reis nos locais que invadem. Contam piadas sem graça, fazem gracejos com as mulheres presentes, dão cantadas batidas e comportam-se como autoridades, do tipo: "Isso seria um marasmo não fosse eu aqui dando ânimo".
Também existem os que pretendem ser sérios e mal chegam iniciam conversa. Normalmente, apelam para um assunto relacionado ao meio e defendem suas teorias. Gritam, gesticulam, xingam e se acham os donos da verdade.
Perceberam? Estas pessoas estão presentes no nosso cotidiano aos montes. Às vezes, de tão acostumados a tê-los com tanta frequência, acabamos por incorporar algumas atitudes de gente sem desconfiômetro.
Cuidado.

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