sábado, 6 de dezembro de 2008

Crônica - Oito anos

O sorvete na mesa do canto do self service há muito descongelou. Houve um tempo em que a guloseima era saboreada. Entre conversas sobre o cotidiano e definição de planos, as colheres de plástico absorviam a massa gelada. Olhares de solidariedade e de afeição faziam o ambiente melhor.
Depois do exagero, perguntado-se de que forma a balança da farmácia iria registrar aquele momento de gula, o destino era o caminho de casa. Às vezes, no início do anoitecer. Outras, já tarde, muito depois do passeio pelos corredores do shopping para descontrair, relaxar e queimar gordura.
Havia afinididade nas idas e vindas, nas paradas diante das vitrines, na subida pela escada rolante. Até chegar ao estacionamento, confidências e juras. Conjugava-se o mesmo verbo e os projetos apontavam para o mesmo rumo.
Quase perfeição também na idéia de trilhar caminho que levasse para o eterno. O sentimento era do tamanho do infinito. A alegria transmitia-se no olhar brilhante e esperançoso.
Foi-se o tempo. A estrada agora é de duas vias. Um vai, outro vem. Acabaram-se as juras e as afinidades andam na contramão. A paciência parece nunca ter existido. A solidariedade virou discurso. O sorvete gelou. Oito anos se passaram.

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