terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Crônica - Energia negativa

O nome dele todos preferem ignorar. É uma figura daquelas que derruba o bom clima de qualquer ambiente, embora tente ser a sensação do momento quando entra. Fala alto, gesticula, discute e teima em prevalecer sobre os interlocutores. Embirra nos temas e se faz repetitivo. O tom de voz é quase aos gritos.
Ultimamente ele tem como alvo os jornalistas. Em função de um tema que está na boca de praticamente todas as lideranças da cidade, o fulano lê os jornais e procura erros nos textos de todos os profissionais do jornalismo. Quando não os encontra, inventa contradições e põe-se a debater com quem encontra pela frente não o conteúdo do texto, mas o caráter de quem o escreveu.
Ele não conhece pessoalmente nenhuma das vítimas. Mas vocifera com propriedade de quem sabr até em que parte do corpo do profissional há uma cicatriz. Isso para não entrar em particularidades. Tampouco sabe da ideologia dos jornalistas, mas discursa como quem leu a teoria de todos os grandes líderes políticos do mundo. Mas percebe-se, nas falas, que é um zero em teoria. Imagine na prática...
Fulano é tão confiante que se torna um equívoco ambulante. Ele pensa que agrada. Mesmo em ambiente que lhe é impróprio, assume postura de autoridade. Manda nas pessoas, senta nas cadeiras dos mais elevados, pede água, consome café e discursa. Há quem imagine: quantos perdigotos se espalham...
Ultimamente, as pessoas optaram por iludí-lo. Fazem de conta que o ouvem, mas na verdade o ignoram. Deixam ele gesticular e esbravejar. Quando muito, os que estão ao redor esboçam caretas que se confundem com indignação com o que ele diz e pouco caso às queixas que ele apresenta.
Na verdade, há um código do silêncio no ambiente onde ele não manda, não agrada, não é bem-vindo e não é ouvido, mas passa todos os dias: vamos fazer de conta que este cara não existe.

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