terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Crônica - Pedras...

Eu gosto de andar sobre as pedras soltas da rua de chão batido com os sapatos furados e as meias rotas porque as pedras rolam ladeira abaixo e levam com elas o pedaço de tristeza encravado na unha da minha alma.
Eu gosto de sentir as pedras soltas da rua em declive no solado dos pés ásperos quase protegidos pelas placas emborrachadas de um par de botinas porque o declive da rua me leva para um lado e eu teimo subir para o outro enquanto me iludo que a subida é o destino e a descida é o oposto.
Eu gosto de pisar nas pedras soltas da rua de barro com os pés descalços para ter nas pontas dos dedos dos pés doloridos a sensação mais ou menos gratificante de ter fundado uma base no afundar de uma pedra colocada a esmo no meio da minha vida.
Eu gosto das pedras soltas da rua de chão batido porque elas rolam. Eu gosto das pedras da rua em declive porque elam descem. Eu gosto das pedras da rua de barro porque elam fincam no chão e me escoram para que eu possa sempre subir até chegar ao meu rumo.

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