terça-feira, 25 de novembro de 2008

Crônica - O diálogo das músicas

Foram quatros CDs de músicas emprestados em troca de apenas três. Um número par por pura coincidência contra o ímpar preocupante que leva à obrigação de mais um, para ficar igual. Conversa estranha esta. Porque, na verdade, eles se conversam através das canções. Um homem e uma mulher com os mesmos ouvidos e os olhos iguais para enxergar o mundo através da poesia. É o mesmo que dizer, eles tem almas gêmeas.
Dela ele sabe pouco, se para isso fosse necessário muito mais que o diálogo dos sons. Dele, provavelmente, ela muito menos conhece, se levado em conta que o cotidiano é de verbos diretos e adjetivos perturbadores. Há de se considerar, entretanto, que ambos, nessa conversa melodiosa, podem almejar um do outro. O equívoco pode estar nesse ponto, onde ritmos iguais batem em corações supostamente diferentes.
Ele gosta das canções que ela ouve. Ela mostra, com um delicado consentimento, querer ouvir as mesmas músicas que ele ouve. Ambos conversam assim e se dão por felizes. Eles se completam, cada um no seu canto, com as melodias que tocam em equipamentos e ambientes diferentes, mas resvalam em gostos iguais que batem de leve no frágil fio que separa a simples afinidade de um bem querer maior.

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