quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

VIDA...

 Nascer, crescer um pouco, falar, aprender mais ou menos, usar roupas de número maior, conhecer o suficiente, aumentar mais de tamanho, achar que já sabe de tudo o bastante, ir, dar com a cara em portas fechadas, ter que recuar, se perder.

Vida é assim. A diferença é a excessão, ou a vontade de que o corriqueiro seja não apenas o trivial, mas o fora do comum. Sempre...

Vida deveria ser um balanço de corda preso no galho mais alto e forte da árvore que se ergue a cinco passos da varanda dos fundos. E haja nela frutas variadas de acordo com o tempo de cada uma: frio, calor, chuva, estiagem, primavera, verão, outono, inverno. E que o balanço leve a criança tão alto para ela apanhar com a mão uma manga, um abacate, limões para o suco, fartura para a gula e leveza para o estômago, de tão sadio é o que a natureza oferece.

Vida é a chuva quando o sol se põe forte, para correr fazendo de conta que foge das gotas. Vida é a enxurrada que desce e os pés que a menina experimenta nela, descalça, chinelos nas mãos, sem medo da água que parece suja, mas abraça quem a toca como se avisasse estar limpa de qualquer maldade.

Vida é perder o tempo necessário para ver o gato na espreita de um pássaro armar um bode e desistir do ataque porque o menino, sem entender dessas coisas da natureza, se engraçou com o  bichano e alertou, sem querer, a delicada voadora sobre o risco que ela corria.

Vida é o adolescente que pode enxergar, durante qualquer hora do dia, e sob qualquer situação, os pais como exemplos e portos seguros. Vida são os pais que abraçam a filha jovem com a certeza que fizeram dela alguém suficiente e forte para andar confiante nas trilhas que eles pisaram, porém cientes de que outros caminhos são possíveis.

Vida é o adulto olhar para trás e ver que há mais que um velho e uma velha seguindo-o, distantes e lentos, com a certeza de que fizeram daquele que vai na frente uma pessoa certa.

Vida é andar carregando o peso do corpo, mas sem nunca tropeçar nos arrependimentos, por não ter vivido bem para si próprio e as pessoas que o cercam.

E que vida, se assim fosse. Ou, assim seja.

Vida é balançar alto até a fruta lá em cima...

É viajar na poça d'água como se estivesse
dentro do barco de papel...

É ver o céu, 
indo, e voltando...




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