quinta-feira, 24 de setembro de 2020

CRÔNICA - Pouca água

A chuva da manhã de 21 de setembro foi um breve ensaio. Diante de um Paraná acuado pelo baixo nível dos reservatórios de água, principalmente no Litoral e na Região Metropolitana de Curitiba, a estiagem que já dura um ano faz a população do Estado engolir seco. Em Londrina a precipitação de setembro anunciou a chegada da Primavera no dia seguinte, a terça-feira, 22. Minutos antes das oito da manhã, quando a maioria dos trabalhadores, vencendo o isolamento da pandemia do novo coronavírus, iam trabalhar, alguns pingos assanharam ainda mais porque o sol não havia nem despertado. Em instantes e compassadamente o volume de água caindo do céu ganhou volume. Engrossou, como faz tempo não se via. Fez até barulho de enxurrada descendo no rebaixado entre o fim do asfalto e o meio fio. Em pouco tempo havia poças de água formadas em alguns pontos. Na rua, nas calçadas, nos quintais cobertos de cimento. E durou tão pouco... Menos de uma hora e a torneira fechou. O sol ainda esperou mais algum tempo antes de se manifestar com vigor. Um friozinho incomodou até os mais calorentos. Era o último dia do verão de dois mil e vinte. Primavera de vento forte, conforme a previsão havia avisado. Mas o calor disputou seu espaço e frustou quem apostou no uso de agasalhos. Nos lares, até cobertas mais pesadas já haviam sido guardadas. A chuva da véspera da Primavera trouxe, ainda assim, um alívio. Lavou a poeira e, se não foi suficiente para pintar as folhas das árvores de verde, deu a elas uma cor de lavadas pela natureza. As previsões não animam: chuva boa, talvez, só em fevereiro do ano que vem. As fotos são de antes, quando a precipitação era esperada. A vegetação, sedenta, sofria. Mas resistia.

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