sexta-feira, 14 de agosto de 2015

REPORTAGEM – A Rua Juruá tem tudo a ver com o mecânico Nico

Filho do Seu Chiquinho Carroceiro chegou a Londrina
quando estava com dois anos de idade e foi morar na casa
de sape coberto com folha de palmeira lá na Vila Nova


Em pose para foto atrás do Nico, filho mais velho do
Seu Chiquinho, Nilce, que, estudou e lecionou no
Grupo Escolar Nilo Peçanha, na Rua Araguaia;
Guilherme, que também passou pelo Nilão,
assim como o Valdir, que abraça
a filha Gabriela
Francisco Breve, o Seu Chiquinho, 
com a esposa Ana (foto Álbum da Família)
Seu Chiquinho, a caráter: chapeuzinho
de feltro (foto Álbum da Família)
Iracema e o esposo Nico, com dois dos
filhos - Nico é o maiorzinho
(foto Álbum da Família)

            Antonio Aparecido Breve é todo prosa quando o tema da conversa é o lugar onde ele vive há 75 anos: a Vila Nova, em Londrina. Ele é mais conhecido como Nico. Nasceu em Porto Ferreira, Estado de São Paulo, no dia 31 de maio de 1938. Quando estava com dois anos, a família trocou o interior paulista pelo Norte do Paraná.
            Nico, casado com Iracema Almeida Breve, que faleceu há nove anos, é o filho mais velho de Seu Francisco Breve. E então? Quem é este cara? Melhor lembrar do Chiquinho Carroceiro, da Rua Juruá. Sim, o Seu Chiquinho que tinha também um pé de bode, daqueles de usar manivela para o motor pegar.
              Pois quem mora ou já morou na Vila Nova lembrou daquele senhor de chapeuzinho de feltro, sempre sorridente, tocando em frente sobre a carrocinha puxada por um valente burrico.
            Chiquinho, segundo o filho Nico e a neta Nilce, nasceu no dia 12 de julho de 1914 e faleceu em 14 de setembro de 1988. Foi casado com Ana Faian Breve, que faleceu em 2003 quando estava com 85 anos de idade.
            Depois de Nico nasceram Lúcio, Santo e a menina Olga, que faleceu ainda novinha logo após a chegada da família a Londrina. Chiquinho e Ana contabilizam dez netos, dois deles já falecidos. Há bisnetos e três trinetos.
            A pedagoga Nilce de Almeida Breve, filha de Nico, é uma das netas de Chiquinho e Ana. Ela é casada com Valdir Malaquias. Nilce é mãe de Guilherme e Gabriela.
            E como todo bom morador da Vila Nova no tempo em que o bairro ainda tinha mais capoeira do que quintais enfeitados com jardins ou enriquecidos com hortas, Nico foi aluno do Grupo Escolar da Vila Nova, depois batizado de Grupo Escolar Nilo Peçanha, na Rua Araguaia.
            Aliás, no bate papo na casa da filha Nilce, onde na sala se encontram também Valdir Malaquias e Guilherme, todos vão avisando rapidinho que também estudaram no Nilo Peçanha. Nilce também foi professora no estabelecimento de ensino que agora integra a rede estadual.
            “Fomos praticamente os fundadores da Vila Nova”, diz Nico. A casa que Seu Chiquinho comprou na Rua Juruá era de sape, coberto com folha de palmeira. “Eu andava a pé, com estilingue. A Rua Guaporé era todo barro”, recorda Nico. “Nós vimos a chegada do primeiro ônibus. Quando chovia, descia todo mundo para empurrar”.
            Seu Chiquinho comprou de Paulo Agari três terrenos na Rua Juruá. “O Paulo Agari era dono de tudo”. Por isso aqui é a Vila Agari”, informa Nico. Segundo ele, outro proprietário de terras na região da Vila Nova foi Luiz Marques de Mendonça, que doou áreas para a construção do Nilo Peçanha e do posto de saúde (Ubs) do bairro, além de outras doações importantes.

Mecânico por toda a vida

Os quintais reuniam a família e também
eram usados para a engorda das criações
(foto Álbum da Família)
Mecânico por mais de seis décadas,
Antonio Aparecido Breve fala com amor
do bairro onde esteve a vida toda

            Nico foi mecânico desde os 11 anos de idade e diz que parou devido a um problema na vista há um mês, quando deixou a casa da Vila Nova e foi morar com a filha, na Zona Norte de Londrina.
            “Quem abriu o campo de futebol foi o meu tio, Nego”, diz Nico, sobre o Campo do União, que existiu no quadrilátero formado pelas ruas Juruá, Solimões, Javari e Turiaçu.

            Informa também que o pai, Chiquinho, antes da abertura do campo plantava arroz e feijão no terreno. “Era tudo capoeira”, afirma sobre a região. “Era uma casinha aqui e outra lá”, acrescenta. “A Rua Araguaia era capoeira dos dois lados”. E vai longe a prosa com Nico, filho do Seu Chiquinho. 

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