quarta-feira, 27 de junho de 2012

Crônica - De todos os tipos de brevidade

Brevidade bem feita derrete na boca. É a dentada o único exercício para engolir um pedaço. Basta apenas esperar a massa perder o crocante e virar uma pasta. Sente-se o gosto do açúcar na medida certa e de mais não se sabe o que. Maisena, margarina, fermento, ovos ou sal? Vê-se que não há mistério. É mágica! Sem ingredientes especiais que ressaltem o sabor a brevidade feita com capricho fica gostosa.

Mas o enfoque é de outras brevidades e nem todas saborosas. A vida, por exemplo, pode ser breve mesmo que se viva cem anos. Como pode ser longa indo-se embora com apenas vinte anos. Já entre a paixão e o amor às vezes fica-se com a conveniência quando o assunto é brevidade. E isso significa mentira.

Dizem que a paixão é a chama. E o fogo, quando a lenha é consumida e vira brasa, anuncia o fim. Outra lenha terá que ser colocada para que a chama permaneça. A dúvida é se haverá mais material inflável. O estoque pode se esgotar no mesmo tempo em que a última lasquinha de madeira se transforma em carvão.

Quanto ao amor entre um homem e uma mulher? Para sempre! O que se sabe é que o sempre só tem data certa para começar. A durabilidade é o problema. Pode ser breve. Pode ser relativamente breve. Pode durar uma vida e então alguém dirá que a vizinha que ficou viúva após o terceiro ano do casamento nunca deixou de amar o seu cônjuge.

Incontestável. Três anos delimitam o começo e o fim do sempre quando se quer assim. Mas há casos de três meses. Ou três semanas e provavelmente três dias e isso delatará equívoco. Nunca três horas, a não ser que a tese do amor a primeira vista seja verdade. Não se ama por apenas três horas quando o amor colocado em prática é o do emaranhado que ajunta num mesmo pote sentimentos e necessidades físicas.

Vejam! Brevidade que é guloseima é muito mais fácil de conceituar. Bom ou ruim? Exageradamente doce? Sem o fundamental crocante na massa? Assadura fora do ponto? Já a brevidade nas relações humanas é complexa. Puxa-se o fio e as alvuras que surgem denunciam, em determinadas situações, que o breve está muito longo.


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