sexta-feira, 25 de junho de 2010

Crônica - O troço barulhento enche o saco

Eu vi um time de catação perdido no meio do campo. Às vezes era um corre pra lá, um chuta pra cá, um passinho pra frente, e um devolve pro canto. Outras, uma moleza típica de perna bamba. Por sorte, o time de catação saiu do campo meio que ileso: zero a zero.

Foi como nas copas passadas. De repente o time se agiganta. Os passes dão certo e as finalizações acertam a trave adversária. No jogo seguinte é uma judiação. A bola fica quadrada, as chuteiras pesam, a camisa cai desengonçada, o cordão do calção aperta e incomoda, a grama tem cola e pedra.

É com esse time, tão instável quanto a política brasileira, que um dia está bem, outro dia derrama abismo abaixo uma enxurrada de denúncias de falcatruas, que a torcida brasileira trocou nesta sexta-feira, 25 de junho, o almoço pela tela de um aparelho de televisão.

Funcionários de lojas e repartições sairam em turmas a procura de um bom lugar para assistir Brasil e Portugal. As camisas amarelas predominaram. Alguns levaram vuvuzelas, aquelas cornetas irritantes. E assopra dali, assopra daqui. Havia fôlego antes da partida começar.

Entre o primeiro e o segundo tempo, houve torcedor que arrebentou a palheta da vuvuzela, de tanta saliva que o negócio recebeu. E a torcida ao lado, de ouvidos protegidos. Pudera, o clima não era para muito barulho. Além da barriga vazia, coração seco de emoção, carente de vibração, pesado, quase frouxo dentro do corpo.

Enfim, o retorno para o trabalho foi com os ombros caídos. As televisões mostraram torcedores de alguns cantos vibrando pelo empate. Mas quando é que não se faz festa nestes cantos? Se chover tem samba, se fizer sol tem pagode, se nublar improvisa-se um maracatu e, em último caso, aproveita-se a festa junina não para cantar e dançar músicas típicas. E o que se escolhe? Rebolation...

É de sentir cólica e rolar desesperadamente.

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